sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

"REFLEXO"



Às vezes me lembro dele
solitário,
eremita,
num deserto sem miragens.
À margem da realidade,
tantas vezes embrutecida,
muitas vezes esgotou seu tino,
fez destino,
e nada fez.
À matéria não deu juízo,
pois que imperfeita,
ao espírito espreita
como estreita luz
de lamparina.
Tempo passa.
Vem inverno.
Vai-se o outono.
As aparências sofridas,
as mazelas,
peregrinas horas de desamparo
choram feito saudade
sem motivo nenhum.
Beira do abismo,
a flor logo murcha
pelo sol causticante,
pelas chuvas,
e cai de repente,
ninguém sente,
tão insignificante
o seu movimento.
Vaga e mansamente,
vai sumindo a fisionomia
até precisar ser lembrada
apenas e tão somente
através de fotografias...


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