quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

"PASSARINHO VERDE"


Passarinho verde,
de galho em galho,
salta e desce e voa e brinca. 
Depois,
como que imaginando a falta, 
volta correndo
para o ninho,
no bico levando um agrado,
um motivo de alegria
para os filhotes queridos
que ficaram ali guardados,
piando
baixinho 
e sozinhos.
Por que será 
que o homem
não aprende 
com o passarinho verde
e começa a cuidar deveras 
dos mimos que também tem na sua casa?
Luiza Válio

sábado, 23 de novembro de 2013

"MEU FELIZ AMIGO"



Porque hoje é sábado, 
eu quero dividir
a minha alegria.
Minha alegria não é fictícia,
ela mora em mim, 
ela convive comigo.
Minha alegria esparrama-se
quando o sol aparece,
e acalma-se 
quando ele não existe
ou quando os ventos derrubam
as folhas envelhecidas,
jogando-as longe
para que sirvam de esterco
às mais novas plantinhas.
Minha alegria não precisa de alardes,
nem de carros de som
ou carnavais.
É feita de toques,
mas daqueles que eu preciso sentir;
de olhares,
mas daqueles que eu desejo usufruir;
de sons,
mas aqueles que acariciam meu íntimo,
regozijam minha alma,
afagam minha vida
num eterno renascer.
Se você pode conceber essa alegria,
então merece ser chamado 
de meu feliz amigo.

Luiza Válio

terça-feira, 22 de outubro de 2013

" EU AMO "



Eu amo 
as aves que gorjeiam no meu quintal 
e por sobre o telhado do vizinho.
Que fazem seus ninhos nas campinas,
nas frestas das casas,
em sacolas velhas dependuradas ao sol.
Eu amo
saber que elas cantam,
às vezes até para mim,
já que chegam pertinho 
das plantas que se enchem de galhos e folhas
e foram plantadas por estas mãos.
Eu amo
saber que somos todos filhos de Deus. 
Mas tenho certeza de que seria 
mais merecedora do amor divino
se fosse um pouco mais parecida 
com as avezinhas que cantam no meu quintal!

Luiza Válio

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

"SOMOS O QUE SOMOS"


Às vezes,
somos um sopro, 
um suspiro, 
um sussurro, 
mas sabemos que também podemos ser gigantescos como o mar que vem ao encontro da terra para emprestar-lhe sal.
E se somos capazes de dar vida, 
luz, 
calor e sombra, 
como todas as coisas que fazem parte da ordem universal, 
então também poderemos,
um dia, 
nem que seja após a morte, 
transformarmo-nos em estrela, 
chuva, 
areia, 
sol, 
som, 
semente, 
pedra, 
riacho, 
pirilampo, 
colibri...

Luiza Válio

terça-feira, 11 de junho de 2013

"VIRADA"



Vamos lá, amigo! 
Na curva adiante,
o trem vai mostrar
uma outra forma
para se ver a vida,
para se pensar e se querer,
até mesmo para mudar a vida.
Vamos sonhar, amigo,
que o planeta estará salvo,
que estão salvas todas as crianças 
e que o futuro vai acontecer
cheio de fraternidade
e de luz.
Depois dessa curva, amigo,
abrace-se comigo,
porque vamos até poder dar risada
de um tempo que ficou no passado
que esta estrada comeu.

"VERDE VENTRE"


No ventre da mataria, 
as aves no cio
evocam amores 
sombrios
que o tempo vai varrendo
e leva embora.
Resfria-se a terra 
nas sombras e musgos da noite 
e o elo do ocaso 
perdendo a razão
vai jogando pra longe
e pra fora
a essência da vida
que se faz indecência,
pois nem Deus se lembra
para que a criou
no ventre da mataria.


terça-feira, 26 de março de 2013

VIVER É CONJUGAR VERBOS


Viver é conjugar verbos.
Li esta frase nalgum lugar.
E é a mais pura verdade.
Este nosso ato, escrevendo neste momento, sem saber se alguém vai apreciar ou não, é viver.
A concentração que pára um minuto, porque alguém entrou no recinto onde estamos, também é viver.
Viver é o dia que amanheceu para as coisas que vão acontecer.
Viver é a primeira música que ouvimos ao levantar; às vezes, já acordamos com ela na cabeça.
É o espreguiçar de um gato no tapete.
É o trinado das aves que passam com seus gritos pelos céus.
É a porta que ao abrir-se range como a dizer "bom dia" e depois bate porque não sabe como será a volta, se haverá volta.
É o pensar em fazer um café gostoso antes de ir para o trabalho só para sentir o aroma de casa.
É ligar no celular da amiga para lhe contar sobre o sonho bom ou ruim e querer saber do sonho dela, claro.
É pensar nas contas, nas compras, nos compromissos diários. 
Viver é conjugar verbos.
Viver é conjugar todos os verbos e ainda ter tempo de criar outros mais.
Acima de tudo, viver é conjugar-se à vida.