sábado, 18 de fevereiro de 2012

CURINGA IMAGINÁRIO



Eu sirvo apenas para alimentar a empáfia deles;
sou o prato cuspido,
a descarga fedorenta
de seus fartos dias
e de amanhãs melhores...
Com minha força indolente 
os robusteço
e, 
quando descubro que são perniciosos 
para a minha cidadania,
não impeço seus atos,
fico de braços dados com eles,
porque, 
vencido pela magia,
e inocentemente santo,
eles destroem dentro de mim 
a vontade de viver,
a coragem de querer.
Espezinhado e medíocre,
sou presa muito fácil
de sua pompa e oratória
e,
incapaz de discernir mais nada,
acabo por outorgar-lhes o poder.
Daí, então, adoeço,
porque pressinto que é tarde demais,
que esse tipo de gente que se dizia responsável
pelo meu futuro,
pelos meus filhos e netos,
pelos meus pulmões;
que dizia acalmar-me as dores da minha vida,
que saciaria a minha sede de saber...


Onde foi que colocaram a felicidade
que me prometeram
em troca de um lugar no trono do Brasil?


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