sábado, 18 de fevereiro de 2012

O DESEJO FINAL.



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O homem negro avançou o sinal verde.
Havia pouco trânsito naquela manhã.
Imponente, mais parecia um príncipe das Arábias naquele Aero Willis cinzento.
A raiva tomou conta da mulher que se acomodava num Sedan vermelho logo atrás.
Cantou os pneus só para chamar a atenção do homem que, tranquilamente, seguia seu caminho pela Alameda.
E o Sedan atrás.
E o homem na dele.
Buzinar?
Era só o que faltava ter que buzinar para ser notada por um negro.
Não, ela não era nenhuma qualquer, mas tinha que tomar uma atitude.
Buzinou, sim!
Freou bruscamente, arrancou novamente, tornou a frear, fez um ziguezague, ultrapassou onde não era permitido...
Só não podia era deixar que aquele homem negro fosse embora, desaparecesse das suas vistas, da sua vida.
Farol fechou.
Decidiu prosseguir mesmo assim.
E, triunfante, rindo feito louca, feliz da vida, aquela linda mulher conseguiu seu intento.
Já na Rodovia, contou dois, três, doze, dezoito carros e parou naquela Borracharia... Para esperar o Aero Willis cinzento. Percebeu que ele também parava ali, lentamente estacionava, mas para falar ao celular.
Não, ainda por cima, era por demais educado!
Tocou, então, novamente, para o asfalto, com imprudência.
O homem negro desviou a tempo e seguiu em frente, não sem antes perceber que a linda mulher lhe jogara de propósito para o outro lado da estrada.
Sem sorte, ela havia batido numa placa.
As pessoas que presenciaram aquilo, pararam para auxiliar a mulher só um pouco atordoada, um pouco apagada.
Fora proposital!
Mas mesmo assim, ela procurava como doida por aquele homem negro.
E ele chegou, tomou-a nos braços e a levou para o seu Aero Willis cinzento, explicando:
- É a minha patroa; eu a levo para o Hospital.
Era uma mentira.
Normal.
Como se aquelas almas de repente precisassem uma da outra, tivessem nascido uma para a outra.
Definitivamente.



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