MUITO PRAZER! A MULHER QUE MORA DENTRO DE MIM TEM MÚLTIPLAS FACETAS. TODAS AS POSTAGENS SÃO DE MINHA CRIAÇÃO.
sábado, 25 de fevereiro de 2012
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
O DESCONHECIDO
Estava Lucila diante de um dilema: comparecer ou não ao encontro com aquele desconhecido?
Afinal, estava tão carente que não importava se fosse o homem mais horrível do mundo ou o mais tolo, o mais desonesto.
Pintara o cabelo, ajeitara um coque meio desalinhado, sentia-se tão sexy como nunca havia estado.
O carro não pegava.
Só na terceira ou quarta investida conseguiu pô-lo em marcha.
O encontro seria no teatro principal da cidade.
Haveria lá uma tocata.
Lucila nem sabia o que era isso.
Tocata?
Deu de ombros, ajeitou os cabelos no espelho do carro, o rubro batom, ensaiou um canto com a dupla que cantava no rádio.
Estava feliz.
Ultrafeliz.
Depois de afirmar que estaria enfiada num vestido esverdeado e trazendo no peito um topázio, lembrou que o desconhecido havia dito que estaria sentado num dos camarotes da entrada principal à esquerda: número onze.
Leu e releu aquele número.
De repente, quedou-se, num mal estar repentino.
Mas que estranho!
Um homem não vir buscar a dama em casa!
Estranho e imprevisível!
- Lucila, Lucila! - suspirou - que é isso? Vai ver que ele nem se liga em mulher, que quer somente alguém para curtir a vida, como tantos que agem pela Internet.
Mas não era isso que ela queria também?
Curtir a vida?
Pois então!
Entrou no teatro, meio disposta a sondar antes de encontrar o homem.
Não deu tempo.
Um senhor de preto chegou-se a ela e, lhe tocando o braço, disse:
- Dona Lucila, seu lugar está reservado no camarote onze. Venha comigo.
Um, dois,... sete, que ânsia,... oito, nove, coração ofegando, dez, minha nossa!,... onze.
-É aqui!- exclamou Lucila.
E então foi apresentada ao desconhecido pelo homem de preto.
- O senhor Jerry, meu patrão. Ele é cego.
sábado, 18 de fevereiro de 2012
AVE DE JÚPITER
Enrosco-me na tua teia de cabelos
traçando com a boca as formas do teu corpo.
Nesse gesto sedento e sumamente ambíguo,
nascido do desejo e pleno de sadismo,
desembarcar procuro dentro do teu ser.
Derramo o que curti de todo o tempo ausente,
afogando no êxtase um prazer contínuo.
Num simples movimento, com carícia e astúcia,
amoldo tua vida, domino e anulo
o pouco que de teu
sob meu corpo resiste.
Machuco teus caminhos numa ânsia quente,
corrompo,
dilacero,
escravizo,
trucido,
até que, saciado, vou rebuscar tudo outra vez,
torno a querer-te de novo
até quando se derrete o fogo animal
diante do cansaço e de te ver vencida.
Num beijo simples,
vou pedindo perdão pelos meus modos,
pela brutalidade.
Embora louco e desvairado,
neste meu amor por ti só existe verdade.
"DEUSA PEQUENINA"
Se dos teus amplexos, deusa pequenina,
podem brotar flores cheias de ternura,
quanto agradeço esses teus lábios mimosos
que me beijam tanto e tanto mais eu beijo.
Não há nesse afago nenhum espaço
para outros sentimentos
além dos teus que me deleitam.
Se dos teus olhares, deusa pequenina,
podem resultar mil doçuras desconhecidas,
se na paz auriluzente dos teus olhos verdes
possam rir fadas infantis, tenho um pedido:
nos meus braços, faz para ti um abrigo
por toda tua vida, deusa pequenina.
DOÍDO AMOR
Que fazer se esta dor tão profunda
machuca-me a vida,
maltrata meu ser?
Que fazer se não encontro remédio
para a cura do amor
que invadiu minha alma,
e me trouxe você?
Você que se diz meu amigo,
fiel, camarada,
e que não posso perder...
Vou é massacrando,
por ora,
o desejo enlouquecido
de entregar-me num abraço,
todinha a você.
Mas com certeza,
um dia,
com tamanha força e vontade,
eu farei isso
e me sufocarei...
"ULISSES"
Hoje eu qUero tirar meu dia para pensar em mim.
Você...
Será que alguma vez você pensou em mim,
alguma vez você me quis,
aLguma vez você dormiu
sonhando comigo
como eu sempre fiz?
Eu...
Quantas vezes fuI buscar aconchego
em você;
quantas vezes fui buscar forças
em você;
quantas vezes Só tive vida
com você.
Parece que você Se tornou
a minha fuga,
a minha luz,
a minha verdade,
o meu viver...
Hoje eu quero paz
para pEnsar Somente em mim...
PLATÔNICO
E quando ouvir tua voz eu possa,
e ler teus olhos,
e conhecer-te, enfim,
eu quero nesse instante
fazer valer a espera
de quase uma vida inteira;
eu quero que tuas mãos toquem as minhas,
suave e docemente,
como pétalas de rosas,
e sejam quentes o bastante
para acalentar meu corpo
até chegarem
finalmente,
em minha alma
numa mágica
anestesia.
LOBO NEGRO
Esse olhar de lobo negro
fita-me a alma,
e, deveras,
joga para o vento
sensações
as mais estranhas
que brotam das entranhas
e aquecem o coração.
Numa noite destas,
na floresta da existência,
remarco umas poesias
como agora
para acalentar você.
MEU PRIMEIRO LIVRO DE POESIAS: "ACORDES DE UM CORAÇÃO"
INTRODUÇÃO
OFERENDAS:
- AO MEU PAI, LUIZ VÁLIO JÚNIOR, O GIJO, COM QUEM APRENDI A SER JUSTA.
- A MINHA MÃE, MARIA OLÍMPIA DE JESUS, A MARIAZINHA, EXEMPLO DE HUMILDADE.
- A MINHA AVÓ, CIRILA NOGUEIRA VÁLIO, A NHÁ LILA, COM QUEM APRENDI A SER FORTE.
- AO MEU AVÔ, O MAJOR LUIZ VÁLIO, O J. SEVERO, O FERDINANDO CIPÓ, O LV, DE QUEM HERDEI A VEIA POÉTICA E QUE INFELIZMENTE NÃO CONHECI...
OFERTA ESPECIAL :
Já disseram que uma das mais antigas artes do mundo, a poesia, serve para conscientizar ao homem sobre a sua condição de humano mortal, limitado, capaz de erros e pecados.
Como também para lembrá-lo que existe a flor, mas também a fome consumindo muita gente; que a alegria e a dor são repartidas nos corações dos homens, mas também ajudam a preencher os bolsos das calças vestidas por esses mesmos homens; que onde há farta distribuição de pães, mas sem existir liberdade para se comer em paz nunca se pode dizer que aí mora uma real democracia.
O poeta, o verdadeiro poeta, vive indignado, pois, vencendo sua parte interior e integrando-se no mundo, interpretando o momento social no qual se insere, ele, através de suas tênues “antenas”, sente o que se passa a sua volta.
O poeta sente e chora.
Só um poeta possui o poder de transformar a história sem ser tragado e muito menos sem ser transformado por ela, como afirma o poeta Fernando Mendes Vianna.
Poetas como Camões, Fernando Pessoa, Cesário Verde, Baudelaire, Neruda, Goethe, Paul Verlaine, Maiakovski, Lorca, Augusto dos Anjos, Castro Alves, Vinícius de Moraes, Geir Campos, Manuel Bandeira e Rimbaud sempre foram compelidos a participar de todos os acontecimentos de suas épocas.E acabaram deixando para o bem da Humanidade poemas que são verdadeiros documentos, testemunhas que são de um reino que não é deste mundo, como diria o poeta.
Hoje em dia, tal como pensam e querem muitos políticos e outros sacrílegos, é muito bom que os grandes poetas estejam mortos, porque, assim, não incomodam criticando suas ações tanto quanto os vivos, já que os donos do poder parecem ser os únicos donos da verdade.
Mas há uma verdade da qual nenhum de nós, por mais que queiramos, deixará de existir em nossa vida: a nossa própria verdade, a que está dentro de nós, como a que está dentro de mim, e que se faz tão forte quanto o desejo e a necessidade imperiosos de que eu passe adiante.
Para a Humanidade.
OFERENDAS:
- AO MEU PAI, LUIZ VÁLIO JÚNIOR, O GIJO, COM QUEM APRENDI A SER JUSTA.
- A MINHA MÃE, MARIA OLÍMPIA DE JESUS, A MARIAZINHA, EXEMPLO DE HUMILDADE.
- A MINHA AVÓ, CIRILA NOGUEIRA VÁLIO, A NHÁ LILA, COM QUEM APRENDI A SER FORTE.
- AO MEU AVÔ, O MAJOR LUIZ VÁLIO, O J. SEVERO, O FERDINANDO CIPÓ, O LV, DE QUEM HERDEI A VEIA POÉTICA E QUE INFELIZMENTE NÃO CONHECI...
OFERTA ESPECIAL :
- A ODIRLEI VÁLIO DA CONCEIÇÃO, O MAIS COMPREENSIVO E QUERIDO DOS FILHOS.
DAS COISAS QUE EU GOSTO:
- ARTE
- LEITURA
- VERDADE
- MÚSICA
- SAUDADE
- CINEMA
- CHUVA
DAS COISAS QUE ME DESGOSTAM
- HIPOCRISIA
- INJUSTIÇA
- DESIGUALDADE
- GRITARIA
- FUTEBOL
- REDE GLOBO DE TELEVISÃO
- POLITICAGEM
- PEDINTES QUE VEM DE FORA DA CIDADE
DAS COISAS QUE ME DÃO PRAZER:
- LUZES E CORES DE SÃO PAULO
- PÁSSAROS AO AMANHECER
- FAMÍLIA REUNIDA PARA UM KARAOKÊ
- CHANCE PARA PRODUZIR E MOSTRAR A
CRIAÇÃO
- PAISAGENS BEM CUIDADAS
- RELEMBRAR ANTEPASSADOS
- PASSEAR DE CARRO PELA CASTELO BRANCO
- BOLO DE ANIVERSÁRIO
AUTOBIOGRAFIA
Meu nome é Luiza de Jesus Válio.
Gosto de dizer que sou o resultado de uma mistura entre gregos, italianos, portugueses e indígenas que se foram entrelaçando nas árvores genealógicas de meu pai, Luiz Válio Júnior e de minha mãe, Maria Olímpia de Jesus Válio, ambos naturais da cidade de São Miguel Arcanjo, no Estado de São Paulo, onde também nasci.
Quem sabe por que nesta cidade?
E por que neste país?
Para que?
Quem sabe?
A verdade é que eu tinha que estar aqui, não durante um dia, nem durante um ano ou dez, mas durante mais de meio século.
Como testemunha, talvez, dos acontecimentos, das situações e também como alvo de tantas experiências que fui levada a viver dia a dia para poder reviver, quem sabe, numa vida em outro plano bem maior do que este.
Nasci no Sítio Bom Retiro, herdado por meu pai e que pertenceu aos meus avôs e bisavôs paternos, cerca de duzentos e cinquenta alqueires, localizado na estrada que vai da cidade para o Bairro do Turvinho, aos l2 de setembro de l.951.
1.951 foi o ano em que pela primeira vez se utilizou da energia atômica para fins pacíficos, tais como na produção de energia elétrica e no aquecimento. Nesse ano, o Ministro da Fazenda chamava-se Horácio Lafer e o Poder Executivo da Nação brasileira achava-se nas mãos do General Eurico Gaspar Dutra. Ainda era possível jogar futebol e ‘queimada’ com os colegas nas vias públicas, mas o comunismo já entrava em fase de ação direta no país. Oswald de Andrade ainda vivia entre nós e tinha características só suas. Apesar de ser satírico e turbulento, jamais deixou de ser um cara bastante sentimental. A amizade entre o jornalista Samuel Wainer e Getúlio Vargas dava origem ao jornal ‘Última Hora’. O voto já era obrigatório para ambos os sexos. A Via Dutra estava concluída, finalmente.
Minha mãe deve ter sofrido demais comigo, pois, além de ser a primogênita, já trouxe uma hérnia comigo. E ainda hoje a carrego!
Assim, coitada, quantas noites, quantas delas mal dormidas, minha mãe amanhecendo ao meu lado, ouvindo meu choro sem quase nada a fazer...
Bendita a mãe que tive!
Bendita e humilde, a minha mãe.
Depois de mim, vieram as quatro irmãs: Lúcia, Lígia, Laura e Lurdes; mais tarde, os irmãos Geraldo e Gilberto e, fechando o ciclo, a irmã Lenita Valentina.
Cursei o Primário na Escola “José Gomide de Castro”, onde estive sempre entre os primeiros alunos da classe, principalmente nas matérias de Português, História e Música.
A primeira professora chamava-se Graziela e morava em Itapetininga. Do seu sobrenome, por mais que tente, não consigo me lembrar. Não sei por que motivo ou circunstância não o retive na lembrança. Acho que ele não foi importante. Importante foi o que sobrou dela no meu coração.
Os prêmios dados aos alunos classificados como os primeiros da classe, ao final do ano, eram muito singelos. Na primeira série, lembro-me de ter ganho um livrinho de missa com a capa banhada a ouro e, nos anos seguintes, alguns estojos de madeira contendo lápis de cor.
Talvez por serem esses prêmios tão simplistas é que meu pai nunca acreditou que sempre terminei o ensino fundamental entre os primeiros alunos da classe.
Mas me bastava a satisfação de minha avó com quem sempre morei desde que completei idade para frequentar a escola. Como me amava essa mulher! Ai de quem se habilitasse a querer tirar uma casquinha que fosse de mim perto dela!
Dos tempos de Ginásio, ficaram na memória professores como Arthur Augusto Antonio (de Português), Waldemar Rodrigues Alves (de Ciências), Miriam Rabelo Orsi (de Música), Cleide (de Francês), Kainara ( de Educação Artística ou Trabalhos Manuais), Vianna (de Matemática), Elza Barretti (de Geografia), etc.
O professor Arthur gostava de incentivar o meu dom de escrever. Tanto que reservava os quinze minutos finais para ler meus contos, minhas poesias, minhas redações.
Era maravilhoso!
Como eu me sentia importante!
Nesses momentos eu esquecia até da minha timidez.
Outra coisa que eu também gostava era ouvir o professor Waldemar dizer que eu ‘sentia com os olhos porque era uma poeta’.
Nas aulas de Matemática, não que eu gostasse da matéria, mas estudava, fazia os exercícios do livro em casa e, então, quando o professor resolvia ajudar os alunos que precisavam de notas na respectiva matéria, lá estava eu passando os resultados para muitos da classe.
Apenas duas grandes colegas guardei na memória: Eliza Saeko Ikeuche, hoje senhora Osvaldino Meiga, e Erlina dos Santos Terra.
Frequentei a Escola Normal no Instituto Educacional Peixoto Gomide, na vizinha cidade de Itapetininga e sempre experimentei imenso orgulho por isso, pois era uma escola conhecida e tradicional.
Recebi meu diploma de professora no ano de l.970. No ano seguinte, estava lecionando em uma Escola Rural de São Miguel localizada na Fazenda Cereser, de propriedade de João Cereser, um jundiaiense que aqui veio plantar uva, maçã e algodão.
Quem não se lembra do Vinho São Miguel, que ele assim rotulou em homenagem ao nosso município que prometia tanto?
Formei-me no Curso de Ciências Jurídicas da Faculdade Karnig Bazarian, também em Itapetininga, onde conheci pessoas de todas as partes do Estado de São Paulo e de todos os níveis e classes.Terminei o Curso em l.974. Era a mais jovem da classe e das mais jovens da Faculdade como um todo. Lembro-me da luta que os proprietários da FKB tiveram para registrar o curso dentro dos parâmetros legais.
Em São Miguel Arcanjo, juntamente com Braz Munhoz, fundamos a Associação Menino Jesus de Praga, entidade sem fins lucrativos, de auxílio aos pobres. Os Estatutos, bem como a Ata de Fundação da mesma foram confeccionados por meu pai, Luiz Válio Júnior. Essa Associação é que deu origem ao Movimento Jovem de Assistência Social, que, mais tarde, foi utilizado pela Prefeitura local. Sua diretoria sempre contou com funcionários da própria administração. No final da década de 90, serviu também para que a família Estrela, com o aval do presidente da entidade, que mal sabia rascunhar seu próprio nome, e alguns outros membros da diretoria, pudesse trazer uma rádio dita comunitária, mas bem ‘familiar’ para São Miguel Arcanjo.
Em l.975, fomos responsáveis pela organização de um Festival de Música realizado no Cine-Teatro São Miguel para conseguir dividendos para a Associação Menino Jesus de Praga.
No final desse ano, devido ao estremecimento das relações com meu pai, fui obrigada a ir embora para a Capital, onde morei alguns meses com meus tios Sílvio Livieri, ferroviário aposentado que possuía uma loja na Rua Campos Sales em Itapetininga, casado com Maria de Lourdes Válio Livieri.
Trabalhei na Editora Abril Cultural, na extinta Casa Anglo Brasileira ( Mappim), no Banco Mercantil de São Paulo, no Banco Itaú, na Imobiliária Sucar e na Imobiliária Digimóvel. Desde Auxiliar de Escritório a Secretária. e de Chefe de Setor a Gerente-Administrativo.
Em l.997 voltei em definitivo para São Miguel Arcanjo, onde, ao lado da professora e grande amiga, Maria Perpétua Nogueira de Almeida, iniciamos um trabalho de resgate histórico da vida do município, ela que já possuía, há mais de vinte anos, um Museu particular.
Fundamos, então, a Associação Casa do Sertanista de São Miguel Arcanjo, eminentemente museológica aos 20 de setembro de l.999, sem a ajuda de ninguém.
Afirmamos sempre com grande prazer e incomensurável orgulho que essa foi uma das primeiras associações criadas na cidade sem vínculo algum com o Executivo local.
Foi idéia minha a criação de uma Biblioteca, pelo que batalhei atrás de livros. Muitos desses livros pertenceram a antigas bibliotecas do Município.
Fizemos um resgate como até hoje ninguém aqui jamais fez ou fará de modo voluntário.
Abrimos as portas para estudantes e visitantes, incluindo turistas vindos de diversos lugares.
Gratuitamente, emprestamos livros e fizemos centenas de pesquisas, muitas delas encomendadas.
Promovemos muitos concursos culturais e demos prêmios, inclusive em parceria com o Movimento de Ação Social ‘São Francisco deAssis’ nas famosas ‘Domingueiras’, que sempre contaram com a apresentação de Roberto Mendez.
Ainda no ano de l.997, em Itapetininga, participei dos primeiros passos do Jornal Cidade, de propriedade de Maria Aparecida dos Santos, irmã do querido Osmar Rodrigues dos Santos, que, juntamente com Severino, fundaram ‘A Gazeta’, de Itapetininga e os jornais ‘A Hora de São Miguel Arcanjo’ e a extinta ‘A Hora de Pilar do Sul’.
No ano de l.998, comecei a participar da Diretoria da Corporação Musical São-miguelense, mais tarde, até me tornei uma das ritmistas da sua Banda Lira.
Infelizmente, Banda Lira sempre tem um histórico a desejar em todo município pequeno e carente como o nosso, visto que o atrelamento aos poderes constituídos locais é por demais pernicioso para a cultura musical e mesmo para a cultura em geral.
O auxílio só existe quando esses poderes tem algo a barganhar em ocasiões predeterminadas.
Quem sabe um dia o povo possa contribuir com a cultura local. Mas para isso terá que conhecer um pouco mais sobre a trajetória dos antepassados que lutaram pela construção da história da cidade, bem como aprender a ter orgulho dos seus próprios antepassados que aqui nasceram e morreram.
Oxalá um dia o povo deixe de hibernar e saia dessa infindável depressão.
Tanta depressão no seio da comunidade faz pensar que o principal responsável talvez seja a saúde pública, bastante precária, quase inexistente.
No ano de 2.005, Maria Perpétua e eu fomos convidadas para integrar o Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga, e nos tornamos detentoras de duas cadeiras:
a) - número l2 – doze - que tem como patrono o Major Luiz Válio, grande historiador e jornalista autodidata que assinava como J. Severo, Ferdinando Cipó, LV e outros, principalmente em matérias veiculadas no jornal ‘O Progresso’;
b) – número l3 – treze – que tem como patrono o Tenente Urias Emigdio Nogueira de Barros, um dos colonizadores do município.
No ano de 2.006, juntamente com Braz Munhoz, fundamos o Movimento de Ação Social São Francisco de Assis, entidade também sem fins lucrativos, com objetivos culturais e assistenciais. Nasceu nele o ” Projeto Domingueiras”, destinado a mostrar valores novos , bem como homenagear pessoas merecedoras de reconhecimento por parte da sociedade local.
Foi um sucesso durante todo o ano de 2.007.
Sua continuidade não foi possível devido ao ano eleitoral de 2.008.
O comércio local ajudava nas promoções, doando medalhas e troféus.
Durante três anos consecutivos fizemos o Natal para mais de setenta pessoas carentes.
Claro que também com a ajuda do comércio local.
Em 2.009, com alguns problemas de saúde, resolvi digitar minhas memórias e as memórias resgatadas da história de São Miguel Arcanjo, estas em parceria com a amiga Maria Perpétua Nogueira de Almeida.
Oxalá consigamos realizar estes e muitos outros projetos, contando, claro, com a ajuda das pessoas de boa vontade que ainda restam na cidade.
Claro que se a nossa amizade perdurar até lá.
APENSO
O poeta só precisa
de um canto solitário,
de um papel,
um tema,
emoções...
Migrar por entre ideias,
mãos,
virtualidades.
Ziguezaguear
fora da vida
para ver se consegue
dar nome
aos avessos
e aos tropeços
da estranha existência
expressados
no entrelaçar
de um frio e mudo coração.
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OUTRO DIA VIRÁ
As estrelas já despontam
E a lua vem clareando
Esquecendo a solidão.
Na terra, a tardinha passa
Como passa a primavera
Ou como chega o verão.
A Ave-Maria se escuta
Ao longo de uma estradinha
Com fios de vozes tão
t r i s t e s...
Apenas ouvindo a glória
De um dia que vai embora
Meu ser outra vez resiste.
E a força da noite escura
Que traz morte e desavenças
Dá-me um medo que
A rrrr epia...
Mas todo mundo que canta,
Quantas tristezas espanta .
E logo virá o dia!
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Pensamento: Se tudo o que existe na Natureza fosse parecido, os rios seriam tão serenos que nenhum dos seus peixes procriariam.
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Vozes ardentes,
Chorosas vozes,
As que flutuam
Dentro do meu ser.
Vozes que acariciam,
Que perturbam sempre,
Como que desejando
Vida independente.
Se eu paro, elas se enrolam
Nas minhas lembranças.
Se eu grito, elas se revoltam.
Mas as vozes que brigam
Constantemente,
Diuturnamente,
Dentro do meu ser,
São sempre e tão somente
As minhas próprias vozes.
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Pensamento: Se você for honesto consigo mesmo, ao menos poderemos esperar um futuro melhor para as nossas crianças, porque só os honestos conseguem cultivar sentimentos bons e verdadeiros.
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SAUDADE
Enche-se de tudo a alma perdida
No afago que o tempo
Exauriu devagar.
Tu deixaste na estrada sem pólos
Os sonhos de amor, o nada da vida,
Ao tormento que o tempo
Tratou de me dar.
Mas não faz mal
Se me perco em quimeras,
Se ouço tua voz falando no escuro.
Também não importa
Se o destino que impera
Rompeu nossa espera,
E nos deu nova luz.
Haverá entre nós
O segredo longínquo
Das horas que ao mundo
Não se contam jamais.
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Pensamento: Um filho pode ser bom ou pode ser mau. Mas jamais será totalmente diferente de quem o gerou.
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MEU AMIGO
Golpeie a sorte, corra desse emaranhado,
Fuja.
Da força das marés corte caminho,
Solte a fera enjaulada,
Rompa os cadeados,
Chute para o alto as correntes assassinas,
Desintegre seus átomos,
Cuspa as feridas,
Plante sementes
De formas desconexas
Para que elas desarmem o renascer
De amargos frutos,
Que não vale a pena prosperar.
Descubra a casa do seu ser envelhecido,
Derrube os alicerces,
Carregue consigo apenas a liberdade
Para escolher novos espaços,
Construindo devagar uma nova vida.
Quebre o passado da memória,
Ache outro mar
Para beber
Ou onde possa conduzir seu barco com sabedoria
Ao lugar que lhe reserva o novo amanhecer.
Corte os cabelos do tempo,
Afogue os pecados,
Lave seu espírito,
Siga em frente,
E
Não... Volte... Mais...
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Pensamento: Só se volta às origens quando algo no passado ficou sem resolver.
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É PRECISO VER O SOL
É preciso externar a alegria,
Sair sozinho, oferecendo as mãos
Pelo caminho,
Para um abraço ao amigo,
À criança que passa,
À mocinha provocante,
Ao indiferente,
Ao pedinte,
Ao solitário...
É chegada a hora
De não formar grupinhos,
Não cantar em coros arranjados,
Nem acarinhar-se ao amante.
É preciso dizer alô aos inimigos,
Desejar a paz, mesmo que breve,
Buscar companhias,
Porque só quem tem amigos pode festejar.
É preciso que, antes do Eu,
Venha o instinto,
A beleza de um sorriso,
A graça de um pensamento positivo,
De olhares despidos de ambições.
É preciso que, ao menos uma vez,
Esqueçamos a ciência, a fama,
O orgulho, as neurastenias,
Até mesmo a Tecnologia.
É preciso que a ilusão reine nessa hora,
Num frasco de delícias,
Para que amanhã possamos ter ânimo redobrado
E sobreviver
À eterna espera ao que,
Ocultamente,
Deus nos preelegeu.
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Pensamento: Só é que a alma se enche da verdade.
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Pensamento: Não pode haver projeto para a felicidade; se isso fosse possível, já o teríamos pronto ao nascer.
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ESPAÇO RASGADO
Um pouquinho de amor,
Um pouquinho de dor,
Fazem falta na vida.
Se você não sentir
A nobreza de dar,
É corpo perdido,
Espaço rasgado,
Cordão rebentado,
Espaço pequeno.
Você não influi
No tamanho da estrada,
Pois você tropeça,
E vai espalhando
Tristeza infinita
Nas marcas deixadas
Na estrada vazia.
Então se apercebe
Que nada no mundo,
Que é um nada no mundo,
Que vaga sempre à-toa,
E ainda quer retorno
Sem dizer nem
Amém.
Ah, quimera!
Ah, desdita!
A morte traiçoeira
Sempre o ferirá.
Pois você?
Você
É terra encharcada
No buraco negro,
Cada vez mais negro
Da vida.
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Pensamento: Nunca se esquece o primeiro amor, pois foi com ele que aprendemos a amar.
Pensamento: Se amar é bom, será benéfico tanto para nós como para nossos filhos.
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EU ESQUECEREI
Volto cabisbaixa , as mãos abandonadas,
Os olhos só de lágrimas, parece até que vejo
Pingos de luar beijando a noite,
Em que você partiu.
Da existência calma, um segredo resta,
Mas ao mundo não importa se eu, triste,
Não puder mais alcançar,
Da minha vida
Você fugiu.
Noites passarão que, mesmo em prantos,
Não conseguirei dormir.
Sua lembrança
Levará meu mundo ao céu que ruiu.
Bem sei que não é por culpa sua se sofro agora
A perda de metade da vida,
Mas esquecerei,
Um dia,
Longe ainda,
Que você existiu.
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Onde está a geração das guitarras berrantes,
Estouvada e louca e frívola e transviada,
Que exigiu tantas mudanças ?
Onde está a geração da“ brasa, mora”?,
Da“ barra limpa”?, da boca de sino,
Que era contra tudo o que fosse proibido,
Tudo o que fosse regulamentado
Que não tinha medo de nada?
Sentada à beira do caminho, talvez?
Fã da Ecologia?
Aprendendo a pescar com os filhos?
Ou retomando o tempo que não soube entender,
Envelhecendo,
Com medo de aventurar-se?
Nada pode mudar a ordem das coisas,
Não enquanto o homem for apenas
Aquilo que é
-um simples mortal
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GIGANTE CARENTE
Ao fundo, Tchaikowsky,
Ao meu lado você;
Você que se apossa dos meus
dias
E me faz caminhar,
Indefinida
E categoricamente,
Sem tempo para recuar.
Você que assume o papel
De um gigante carente
E, de repente,
Só e unicamente
Depende de mim.
Você que adormece ao meu lado,
Mansamente,
Fazendo-me egoísta apenas
nessa hora
Quando os sonhos povoam
Sua mente cigana.
E, quando desperta, já não sou mais eu,
Mas a sombra que avança para lhe proteger.
Já não busco abrigo às mazelas,
Sou só seu escravo,
Sou só seu senhor,
Sou só você.
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Pensamento: A Natureza dá e cobra, como se fora Deus. Jamais ela esquecerá aquilo que nos foi dado conhecer. Também jamais aceitará de volta da mesma forma tudo aquilo que recebemos para usufruir enquanto estivermos neste planeta.
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JOGO D`ÁGUA
Qual nave de papel,
enrosco meu casco
nos cachos azuis da tua esperança.
As velas
são verdes pedaços de sonhos
jogados
nos tons suspirantes que em amarelo
flutuam no vasto oceano.
VENTRE ESTRANGULADO
Haverá, sim, no caderno de cada um
O rebuscar profundo,
Pois cada página foi vivida
E cada folha preenchida
Com a própria vida.
No entanto, a vida passa
E leva cada semente
Que foi brotada
Das páginas dessa folha.
Foram apenas escritos perdidos
Como perdida a sua vida inteira.
Mas brotará, sim, claro que brotará,
Do ventre estrangulado,
O pó das entrelinhas,
Porque tudo o que se faz
Se paga cá na terra
E tudo o que se quer,
Aqui mesmo ficará.
E ficará, também,
O espaço já colhido
Por outro ser que,
Venturosamente,
Ainda será semente
E do ventre estrangulado
Nascerá,
Para tecer outras páginas
Que também serão perdidas,
Pois o lixo eterno as tragará.
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Pensamento: Quem se acostumou com virado de feijão não pode querer caviar.
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EU QUERO VOLTAR
Os meus lares, os meus cantos,
Tudo fica além dos montes
Tudo fica tão distante
Desta casa e dos meus prantos.
Os meus sonhos, meus amores,
Tudo está tão esquecido,
Tudo é tão escuro agora
Nesta casa, nestas dores.
Eu quero voltar pra mata,
Pra casinha abandonada,
Longe das coisas banais
E meu EU reencontrar.
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RAZÃO
De repente, um fio de voz,
Uma palavra
-adeus-
Dois pares de olhos se despedem
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Fica a estrada percorrida
Inutilizada,
Despovoada de sonhos
Ou de outras realidades.
Por que razão tudo desaparece assim e nada podemos fazer para deter?
De todo um passado,
Só a alma permanece
Para tentar recomposição.
E então....
Por que razão amar,
Para depois perder?
Por que razão morrer
Depois de tanta construção?
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Pensamento: Só pode ter opinião aquele que não tem fraquezas conhecidas.
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Pensamento: Sonhar é bom, mas o mundo não precisa de mais utopias.
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PERDIDO
VÃ FILOSOFIA
Quero orar a Deus, que a felicidade,
Quero dizer pro povo que o amor existe,
ELE SABE
TARDE DEMAIS
JÁ EXISTE AMOR ENTRE NÓS
Olhai por mim,
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A ARMA E OS DRAGÕES ESFOMEADOS
RECORTE
ASA DELTA
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PORTA ABERTA
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DOCE MORRER
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Agora não preciso
Meu ódio aplacou-se,
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Abrir a janela e ver entrar uma nova vida
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Em qual caminho não percorrido
Eu me realizaria para limpar as dores,
Para saborear a paz,
Comemorar a vida?
Dói saber que o véu do tempo cobrirá
As imperfeições adquiridas
Ao longo da estrada.
.
Mas, quando a larva em inseto transformar-se,
E quando as águas acalmarem-se no mar,
A vida ressurgirá do nada,
Porque ela é sopro apenas
De felizes coincidências,
Talvez
Por estarmos do outro lado de tudo,
Do outro lado da mente,
Do outro lado do céu.
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C H E G A
Chega de golpear a fera da paixão
Sem deixar visível porta alguma
Por onde possa entrar
Um raio de felicidade.
Chega de tiranizar os sentimentos,
Às tentações limitar espaços
E amanhãs.
Chega de corromper as dores do desejo
Submerso em pesadelos e repressões,
E aprenda a recosturar
Os fios da vida.
Chega de ser a parede que encobre o túnel
E deixe a magia da luz
Atravessar você.
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Pensamento: Depois que a vida passa, concluímos que tudo é parte de um plano onde os anos tem a duração de segundos e os segundos não existem mais.
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POENTE
Noite escura.
Na cidade, parcas luzes,
Na cidade, parcas luzes,
Traiçoeiras,
Sorrateiras,
Como sombras
Da vassoura de uma bruxa.
Tardam as cores
Da manhã.
Torcem-se as horas
No relógio dilatado
E dilatando o prazo
Da infelicidade.
Dias e noites sempre iguais,
Gêmeos na dor,
Irmanados na tristeza,
Cansados demais.
Quanta tolice
Ficar a sonhar
Os sonhos que as bruxas
Vão devorar amanhã.
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Pensamento: A amizade dá colorido para qualquer vida triste, por isso, pinte sempre com sua presença.
Pensamento: O mar tem as cores dos olhos de Deus. Ou está verde, ou tem tons azulados. Olhos pretos ou castanhos, que segredos guardarão?
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VÃ FILOSOFIA
Na imensidão indiferente do Universo,
O homem passeia só
Na busca de razões e de porquês.
Todavia,
Envolvendo seus vazios,
Nada encontra.
Então,
Chega a crer não haver motivos
Para estar aqui,
Viver e lutar,
Sentir e desejar mais
E, ainda,
Como animal,
Reproduzir-se.
Um dia,
De repente,
Sem mais e nem menos
O próprio homem se apercebe
Que é o resultado da soma
De todos os reinos que conhece.
Porém,
Castigado pela consciência
De nada ser,
De nada saber,
De nada descobrir por si só
Que o torne imortal.
Na imensidão indiferente do Universo,
O homem passeia só.
Será que está aqui para o bem
Ou para o mal de seus semelhantes?
E por que, quando aqui chega,
E nada trazendo,
Também nada leva
Quando daqui se vai?
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Pensamento: Se nascemos com o dom de pensar, tencionar, imaginar, sonhar, refletir, julgar, formar idéias, então, cada qual teve sua parcela de culpa a partir do momento em que o mundo se tornou mal.
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QUERÊNCIAS
Quisera partir,
Mas aqui estou eu
Aqui vivi e sofri
Aqui a vida parou.
Quisera sonhar
Mas o sonho acabou
O sonho que sonhei,
O sonho me deixou.
Quisera acreditar
Mas a crença não vem,
A crença está tão longe
A crença que é do bem.
Quisera amar
Mas quem vai me querer?
Quem vai saber me amar?
Quem vai saber me ver?
Quisera beijar
Mas lábios não há.
Quisera fugir
Para longe daqui,
Longe do céu sempre negro,
Longe do mar tão feroz,
Longe do destino que é cego,
Longe de mim,
Longe da voz.
Voz que é feia,
Voz que mata,
Voz que fere e alucina,
Voz que nem existe,
Voz de ninguém.
Quisera ser a voz também.
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ORAÇÃO
Quero orar a Deus, que a felicidade,
Para vir à terra precisa de oração.
Que uma esperança morre
Para uma outra espera
E que nunca estamos totalmente tristes
Porque a paz existe e nos conquistará.
Quero orar a Deus para que a fome
Seja mesa farta, seja fruta, mel.
Quero dizer pro povo que escravo é aquele
Que se escraviza no seu próprio ser,
E que da vida nada se levando,
Somos,
Todos,
Vento,
Terra,
Água
E sal.
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ELE SABE
Não posso imaginar que Deus perceba
As preces dessa gente humilde e triste
Atropelando-se à espera de milagres,
Como apregoam os pastores das igrejas,
Bem trajados,
Bem apessoados,
Inebriantes mercadores de Cristo,
Que comem e dormem sobre a messe aleijã.
Pregando um paraíso nunca visto,
Confiam que o homem sinta medo
E jogue em suas mãos o que restou
Do seu suor de um mês inteiro.
Quem somos nós, com nossas mentes irrisórias,
Querendo mudar o traçado que Ele deu,
Se Deus não precisa que Lhe digam o que fazer,
Se mandamentos nos legou, é só cumprir,
E a fé está em nós por Essa luz.
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Um canto solitário
vem dizer que tu partiste
desta vida sem retrós.
Meus carinhos são tão tolos
sem ter tuas mãos macias,
nem teus olhos para ver.
Estou tão triste,
amargurada,
só tenho mesmo
é o gosto de dizer
que sem ti sou folha seca
pendurada numa cerca
de bambu que apodreceu.
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NEGRO
Negro,
Que bate no peito e a boca não sangra,
Que tem força, pujança, mistério e beleza,
Temor e recato, ânimo e maldade.
Negro,
Parente de ninguém,
Simplesmente negro.
Se é para chorar, ensaia-o rindo;
Se é para ser feliz, ele faz um samba.
E rodopia, cada vez que adoece,
Procurando seus Guias.
Negro,
Que tem a luz do sol nos olhos perdida
E a noite em seu semblante se fecha carregada.
Negro,
Cuja pele ao sol não se machuca,
Negro,
Que tem no corpo o cheiro da terra
E não enfraquece
Onde o branco vacila.
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Pensamento: Não deixe que a fera que existe dentro de você acorde um dia. Já não bastam os tormentos da vida sem a presença dela?
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PROFECIA
Mesmo a ciência poderosa não acredita
Na mudança do destino desta gente
Que rasteja,
Que engasga,
Que se atormenta,
E até que se controla
O bastante para não enlouquecer.
Nem os pastores das igrejas suntuosas
Choram a Deus por este povo que persegue,
Como cobra,
Como lesma,
Como sombra,
O ouro e a prata
Que não podem ser de todos.
Muito menos os moradores dos palácios
Brigarão pelo brasileiro sofredor
Que só vê,
Que só pensa,
Que só quer
Espaço e sonhos
Sem lutar pra merecer,
Que luta é força do cérebro e de destreza,
É do poder controlador não ser cobaia.
E este povo só precisa
Das migalhas
De sonhos tantos que jamais conhecerá.
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No princípio, tudo era fácil,
Os olhos se encontravam rindo a toda hora,
Os lábios não tremiam ao aproximar-se.
De repente,
Um acontecimento,
Um fato,
Inexplicavelmente,
Põe-nos lado a lado,
Num aconchego suave,
Numa necessidade conjunta
De amor e compreensão.
Já não somos pessoas distintas;
O destino uniu-nos num sofrimento
Onde quem sente é um só coração,
Quem fala é uma só voz,
E uma só pessoa raciocina.
Antes, não havia dramas nem mazelas,
A alegria traduzia-se em cada carícia,
Que a princípio nem nome tinha.
Agora já não é alegria, mas tormento,
Porque, como se fosse possível,
Já existe amor entre nos.
A frivolidade de sentimentos caprichosos
Que tantas vezes brincando conhecíamos,
A união sem futuro, sem pretensão nenhuma,
Que o destino não deixara continuar,
Agora não são mais ironias,
Nem falsidades,
E mesmo o destino, titubeando, antes,
Agora nos aproxima,
Pois já existe amor entre nós.
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PSICAGOGIA
Sou brasileiro,
Sou filho das ervas
O senhor é comigo
E nada me faltará.
Sou filho do acaso,
Nasci endividado,
Escravo dos povos
Mais nobres do mundo.
Bendito seja o fruto
Do meu ventre:
Negro,
Índio,
Mulato,
Raça impura,
Impura dor,
Massacrada,
Impugnada.
Rogai por mim,
Alá,
Jeová,
Maomé,
Jesus,
Maria,
E José.
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Pensamento: Se sua alma estiver triste, liberte-a com os sons do mar.
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METAMORFOSE
E então caminharemos
Sem voltar os olhos
Definitivamente.
Eu e você,
Duas vidas que se cruzam
Procurando a felicidade
Pacificamente.
Buscaremos flores
Onde não houver jardins,
Luzes, onde só houver escuridão,
Embebidos na vida.
O mar será eterno e morno
Pois que à praia aportarão
Duas almas que se amam.
E, então,
Lado a lado,
Mansamente,
Beberemos da vida de cada um
No cálice do amor,
Seguramente.
Pensamento: Tudo o que passarmos nesta vida é para engrandecer-nos diante da porta que confiamos se abra para adentrarmos em nossa última morada.
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O CRIME DO ZÉ
1- O SUJEITO
E A VIDA DO SUJEITO
O Zé não tinha amigos, comprou um cachorro.
Precisava de carinho, comprou uma gata.
Tempo para catar pulgas,
Limpar merdas,
Lavar os pelos,
Fazer comida,
Isso ele tinha,
Pois fazia bicos,
Cavava poço,
Carpia quintal,
Construía cerca de arame,
Fazia cesto de taquara
Barreava casa
Matava cobra
Tudo ele fazia
Quando queria
Para sobreviver.
Quem não sabe?
Quem faz bicos não tem horário fixo,
Só trabalha mesmo
Quando a necessidade,
Ou o calo,
Apertam.
Tempo passando, greves, reformas,
Novo governo,
Futuro batendo na porta
E o Zé não se reformava em nada.
Eta, vidinha pacata!
Eta,Zé bundão!
. 2- VIRA, HOMEM, VIRA
Um dia,
O bolso apertou.
Pensou...
Devia trabalhar mais,
Registrar na Carteira,
Achar mulher para cuidar da casa
E dos bichos-
- Agora, oito!
Então,
Foi chegando tarde,
Levantando cedo,
Nervoso, chutando tudo,
Até os bichos.
Era perna quebrada,
Corpo torcido,
Bichos gritando, tamanha era a dor,
E o Zé continuava lá,
Vê se pode?
Curtindo uma tal de depressão.
3- ORAÇÃO TEM SUJEITO
E TAMBÉM TEM VERBO
Até que num domingo,
Cansado,
Decidiu envenená-los
E o fez.
Um alívio imediato,
Não sentia mais cheiro
De xixi jogado pelas paredes,
Nem na porta do banheiro,
Muito menos na do quarto,
Na entrada da casa.
Tudo limpinho,
Tudo cheiroso.
Pura saúde!
Beleza!
Gostosura!
4- A MARIA DO SUJEITO
E DO ASFALTO
Então, sentiu saudades da Maria
E foi buscá-la na avenida.
Era Maria que faltava,
A carência acabaria.
Gente precisa,
Tem que conviver com gente.
Bicho não serve para nada...
ORGULHO
Vejo-te passar longe, aos olhos meus tão perto,
Que a alma se extasia, numa visão fremente,
E cuido para que não sintas, nem pressintas
O amor que entrou em meu sangue, grandiloquente.
Segues num orgulho ferino, que resguardo
O meu próprio, numa força contida e agreste
E, embora eu sofra, só espere e desespere,
Não quero que me afrontes se a saber vieres.
Amo-te pela firmeza- eu, tão insegura;
Pela serenidade com que encaras tudo
Que temo fazer de ti sonho e realidade
E esquecer de dar arrimo ao meu próprio rumo.
Pensamento: Mãe não pode ser aquela amiga, nem aquela colega, nem aquela que preenche o espaço de uma irmã. Mãe foi feita para carregar consigo todas as essências que precisam estar juntas para que então floresça a felicidade.
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ATOS FELIZES
Feliz quem espera que a porta se abra
Porque está preparado
E não teme bater.
Feliz quem acorda em silêncio
E não vocifera
Porque está consciente e não teme viver.
Feliz quem não ambiciona
Ser dono do mundo
Porque está tranqüilo
E não teme perder.
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OCASO
Uns nascem e vivem bem
Em berço de ouro,
Como se nascidos do além.
Outros brotam,
Como numa sobrevida.
Qual o sentido?
Sofrer para purificar-se?
E os primeiros, quem os purificou,
Antes de Cristo?
Homem, robô de quem?
Se matando como pode
Para garantir uma vaga,
Afinal,
Sob qual sol?
Ou ele se afunda nos flocos de neve
Que o transformarão em boneco
De gelo e pó?
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ETIAMSE OMNES ERGO NON
Às vezes, tenho a impressão de ser um ser à parte,
Um ludâmbulo do mundo.
Em meio a tantos fatos
Imprecisos,
Impressentidos,
Imorigerados,
Insulsos,
Insidiosos,
Impressivos,
Incomptos,
Inconcludentes,
Indigestos,
Inestéticos,
Inextricáveis,
Infectos,
Inflamatórios,
Eu permaneço como era no princípio,
Não dou as mãos às ilusões, ao fanatismo,
Nem ingresso nas praças propaladas.
Na pantomima sem luz,
Na solidão dos prostíbulos subterrâneos,
Na coragem do gari que desafia o trânsito,
Na ambição,
No suicídio,
Nas uniões incestuosas,
Na pequenez alheia,
Encontro vazão para as odes terrenas.
Tão próximo, no entanto, tão distante
Do equiparar-me à plebe,
E cada vez mais eu,
Mais o eu do meu eu
Fica sendo meu.
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Pensamento: Honrar o próprio nome é guardar a história de um tempo dentro de si mesmo.
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A CAÇA DO CAÇADOR
Na imensidão da floresta,
Rompia novo dia.
Os pássaros
Sondavam a relva encharcada
Da noite anterior.
Agora, tudo era calmo e sonolento.
De repente,
Um choro,
Um pedido desesperado
De socorro inglório.
Quem gritava,
Assustando, assim,
A fauna e a flora?
Quem morria?
Quem nascia?
Quem lá estava?
A coruja gira a cabeça temerosa
E avisa ao rei da selva
Que algo não combina,
Mas até ele se apavora e some nas montanhas.
O choro vai ficando cada vez mais fraco,
Sempre mais e mais pequenino,
Como que sumindo
No profundo escuro da floresta.
E, então, um cavalo negro,
Uma besta furiosa,
Em louca disparada...
- Nossa! Traz alguém na crina,
As mãos ensangüentadas,
O rosto já totalmente frio,
O corpo mole de uma loura
E linda menina.
E então,
Tudo é jogado com tal brutalidade,
Que um silêncio fúnebre dominou a mata.
Um louro caçador também apeia
Do cavalo, em desalinho,
E paralisado, só terror, já tresloucado,
Perdão gritando aos santos, anjos e duendes
Daquela floresta encharcada e triste
Deposita a última bala que havia
No seu próprio coração.
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A ARMA E OS DRAGÕES ESFOMEADOS
No círculo dos dragões esfomeados,
O homem vira bicho e se detém
Sob o clima de terror paralisado
E então percebe
O quanto é fraco, humilde e só.
A luz desconhecida alumia
A arma que segura, atormentado,
Pois sabe que nada adiantará-
- os dragões podem comê-lo,
E só quererem.
Mas o homem raciocina firmemente:
Se ele é detentor de idéias mil,
Não pode ser que esses dragões
Lhe tragam a morte,
Porque ela vem de cima e ele não vê.
Então, ele tenta um golpe poderoso,
A máquina na mão, bem planejada,
E programada por computador
Terá de ser a salvação do seu estado
De simples e ferido animal
Mas a rapidez dos dragões esfomeados
Não lhe deu tempo de acionar os seus botões
E estatelou-se feito amido pelo chão.
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RECORTE
De repente percebo
O quanto estou sozinha ,
O quanto necessito ser forte,
Ser fria
E esquecer você.
Não vale a pena assim estagnar meu caminho,
Alimentar meu sonho,
Quando há tantas vidas para eu querer.
Vou
Sair deste anônimo,
Embriagar meus gestos,
Acicatear meu cérebro,
Avivar o ego que você matou.
Vou
Abluir meus olhos,
Destruir,
E expulsar
Tudo o que trouxer má sorte
Ou lembrar você.
Construirei pirâmides;
Meu sofrimento
Lançarei
Nas bocas das crateras,
Nos túneis,
Nas mãos da tecnologia.
Far-me-ei enorme cada vez que a vida
Golpear meus passos
E,
Na hipocrisia,
Hei de vencer
O amor.
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Pensamento: Cada cabeça cada sentença?
Mas a Torre de Babel não existe mais!
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ONDE ESTÁ VOCÊ?
A estrada que curtimos juntos,
De repente, bifurcou-se;
Dos novos caminhos,
Outros tantos se formaram
E, como paralelas,
Não se cruzam mais.
Tanta intensidade,
Tanta esperança,
E tudo desapareceu.
Interesses conjuntos se apagaram,
Sonhos foram ultrapassados
Desejos derretidos cada dia mais
Em corpos separados.
Numa estranha complacência,
Fomos caçados pela seta do tempo,
E jogados na sua armadilha
Para vomitarmos todo o passado.
Os dias, hoje, são os mesmos,
Mas outras são as certezas.
Os caminhos,
As esquinas,
As calçadas
Não nos levam mais às mesmas casas,
Nem às mesmas pessoas,
E, mesmo lhe encontrando,
Sigo em frente
Porque não reconheço mais você.
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ARCA DESTRUIDA
Mas essa calada da sorte atrasa-me a existência.
Se há de meu algum espaço a percorrer,
Que seja como nas historias em quadrinhos:
Eu, o herói,
Requerendo da humanidade
O direito de ter seu próprio espaço,
Ser forte e viril
O maior exemplar
Da espécie humana
- E sem clone!
O direito de ser
A árvore dadivosa que num deserto cresce
Ou a semente que do próprio corpo brota
Ou ainda a carne gerada do próprio espírito,
E que eu fale a linguagem do Universo
Quando a mão generosa afagar-me o corpo,
Porque estarei tecendo caminhos
Para juntar-me aos animais
Da arca que os Noés
Já destruiram.
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MARIA MUSA
Maria,
Nos teus gestos pequeninos,
Frágeis,
Ternos,
Mansos,
Vivos,
Quero estar a rebuscar
Os farrapos que na estrada
Torta,
Tonta,
Embrutecida,
Nos teus pés foram bordar.
Maria,
Vi nascer com teu sorriso
Calmo,
Franco,
Doce,
Amigo,
Outra espera pro meu ser
Que já gasto pela vida
Amarga,
Triste,
Dolorida,
Nos teus pés foi renascer.
Nem que eu escutasse a prece
Das tardinhas que fenecem
Jamais poderia ser
Mais que o mel que há nos olhos,
Mais que o afago do teu colo,
Mãe Maria,
Bom te ter.
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PÁSSARO DE FOGO
Pássaro perdido
Na perdida essência
Atemporal.
Canto calado
Nas noites de inverno
E arrebatado da boca
Ao sol da manhã.
Alma no universo
De sábio transformado
Em humano bestial,
Incapaz de doar
Uma migalha sequer
De confiança
Noutro pássaro qualquer.
No mais alto vôo,
Reduz-se a um grão de areia,
Pois que nem o espírito existe
Tampouco ocupa lugar.
E, tão longe,
Onde nada se vê,
E nada tem sentido,
Deixa apenas restos de cinzas
Desse vôo pelo chão.
Pássaro perdido
Na perdida essência
Atemporal.
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MOZART
Mozart,
Perco-me em tua sinfonia, me volatizo,
E o mundo já longe volta para mim.
Se há de mistério um elo - que pouco -
Se há de magia um tênue sussurro,
Fica comigo, Wolfgang Mozart.
Tua música fala
De musas,
De luas,
De naves,
De pássaros,
De amor,
De adeus
E fere
E maltrata
E mata e adormece,
Transporta e renasce
Minha alma plebéia.
O ocaso inexiste,
O sol não deslumbra,
O painel distancia
Os males dos meus.
Sou forte,
Sou grande,
Sou gente,
Sou eu.
Mozart,
A carícia que sinto,
As vozes que escuto,
Aos olhos alheios sei que não dás
Penetro contigo no vácuo da vida
E choro
E lamento
E encontro e desmaio.
A presença que sinto
De tua sombra amiga
Retira-me os ais calcados
No soluço das quedas diárias,
No âmago desconexo,
Na fria apostasia.
Tua música transforma-me
Em barco,
Em supersônico,
Em estrela,
Em anjo desgarrado,
Quase num deus...
E balouço contigo,
Doce Mozart.
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EU SEREI
Se tu fores rosa,
Eu serei teus espinhos
Para ocultar-te aos perigos
Que no mundo existem
E jamais deixar que te firam
Os horrores da terra.
Eu serei a palidez do inverno
Para que gozes do verão;
Suportarei as tempestades
Para que tua primavera seja plena;
Entregar-te-ei a quinta-essência
Do meu ser enfraquecido,
Para fortalecer-te;
Minhas mãos serão tuas
Para que nelas
Possas fazer teu ninho.
E, para que faças tua cama eterna,
Dou-te os braços,
Aqueles mesmos braços
Que buscaram amparo
Nos teus, quando criança.
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A IMAGEM DO ESPELHO
Às vezes, parece um estranho,
Desafia, recrimina,
Acusa-me...
Mas por que tenho medo,
Se sou eu mesmo o dono
Daquela imagem no espelho?
Olho-me nos olhos,
É a única forma de saber,
Mas sinto calafrios,
Porque não sou eu, é outra essa pessoa...
Mas por que estranho tanto
Frente e verso
Daquela imagem no espelho?
Quem é a imagem?
Quem sou eu?
Será que sou eu aquela imagem?
Se a olho, ela olha para mim;
Se caminho, ela sai atrás de mim,
Mistura-se à minha matéria,
Integra-se à minha carne,
Tem os mesmos sonhos,
Sente a mesma dor,
Conhece minhas rugas,
Reconhece meus sinais,
Acompanha-me dia e noite,
Todos os dias da minha vida.
Espelho,
Quem sou eu?
Eu sou você,
E você, quem é?
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Pensamento: Se a alma é apenas um corpo volátil que se cala ao morrermos, o que virá antes do espelho: a alma ou a encarnação?
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AME
AME
Não diga não ao amor
Em qualquer época da sua vida,
Porque os anos passam,
Amarrotam-se,
E a face não será mais rubra,
Nem os olhos terão o mesmo brilho,
Perdeu-se metade da graça.
Não diga não ao amor
Ou ao desejo, ou à vontade,
Ao arrebatamento,
Pois haverá um dia
Em que essas faltas
Farão falta às necessidades
De retornar ao fio da vida,
Onde o alimento será simplesmente
O próprio viver
De uma saudade.
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ACRÓSTICO
O maior dos sonhos havidos
Depois que você nasceu?
Imagine...
Risos, só os seus,
Loucuras, só as suas,
E só seus os desejos
Imensuráveis.
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ASA DELTA
Dedos descalços,
Fechados,
Nas linhas
Pesados e soltos,
À deriva de um mar
De medos e ruínas.
Coração derretido,
Numa estação de espera,
Qual compasso
Que-
Bra-
Do
Na essência perdida
Do trem da ilusão.
Ondas de fobias
Lacram a alma,
Escondendo pecados,
Outros tantos cometendo.
Ah,
Derretido coração,
Qual será o segredo?
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A CASA DO SEU PEITO
Se você mantém o equilíbrio
Em todas as situações de vida,
Em todas as etapas demoníacas
Que teimam em assassinar o Bem
Para amarrar-se ao Mal...
Se você se cerca de vampirismos
E mesmo assim prenuncia saídas
Para renovar suas próprias energias,
Então ainda não pode morrer.
Refaça sua casa,
Deixe brotar a sensibilidade,
Derrube a montanha de pedra e sal,
Dê um tempo para reflorescer
Outra alma limpa,
Totalmente liberta
De espasmos.
Perceba que vida é o dom de saber
Do interior de sua casa,
Porque a única casa que importa
É a que está dentro de você.
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NATAL
É
Quando
O homem
Modifica
A sua vida
Olhando o mundo
E as pessoas com olhos diferentes,
Só querendo que seja o despertar
Para um ano de glória e realizações
Irmãs
Iguais
Felizes
Sólidas
Ditosas
Humanas
Sublimes
Fraternais.
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NÃO A DEIXE SOFRER
Não deixe que ela sofra;
Tão pequena,
A alma indefesa rompe a vida,
Para juntar-se a nós,
Sofredores mudos.
Deixe que ela ria,
Mesmo de nada,
Mas que sinta a pureza que em nós
Não tem sentido,
Nem existe mais.
Não deixe que ela chore;
Tão suave,
O coração se expande em felicidades
Por onde nem sabemos procurar.
Deixe que ela encontre as verdades da vida
Mais tarde que nós,
Pobres idealistas,
Que o ideal fracassa sempre.
Faça-a um anjo de bondade e de doçura,
P ara que lhe seja no futuro
Um mimo
Dissipador das trevas,
Para que,
Na velhice,
Ela seja a infância,
Perdidamente longe,
Regressando para buscar-lhe.
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Pensamento: Ingrato é saber que lutamos para nada podermos levar daqui. Somos apenas um vácuo preenchido de carne e recoberto de pele por todos os lados.
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UM JOGRAL
( LULA AINDA NÃO ERA PRESIDENTE)
BILL Pobrezinho, pequenino,
Vem aí de pé no chão.
Não tem tempo de sonhar,
Nem espaço pra dormir.
FHC Quem lhe fez foi bruxa doida,
Pecadora de alma vil.
Habitava em terra pobre
Do meu reinado Brasil.
BILL Mas se o governante é forte,
Honrado, garboso e gentil,
Como deixa tal pequeno
Ser ninguém nesse país?
FHC Pai não sou, tenho certeza,
Nem avô, nem primo, ou tio.
Por que então lastimar
A sorte desse vadio?
Ele não paga imposto,
Ele não compra nem pão,
Ele não dá seu suor,
Ele nem tem certidão.
LULA Mas então, senhores,
De que vale a Democracia
Sem casa, sem pai, sem pão?
COQUETEL DE PALHAÇO
Joguei para Momo
Todas as cores negras,
Os pacotes infelizes,
O preconceito, a inveja,
As desigualdades,
O materialismo.
Joguei
Todas as esperas sem respostas,
Fracassos e desafetos,
As intrigas,
O capitalismo.
Penetrei no túnel da alegria
Dando as mãos às deliciais dos sonhos,
Esquecendo as misérias,
Entrando na passarela
Da lascidão.
Regando o espírito com nobres risos,
Acionei o botão da felicidade,
Desejando,
De um ano inteiro,
Os contratempos
Nos braços de Orfeu despejar
.
E, no rodopio das marchas,
Iludi-me
Feito Rainha francesa,
Cinderela descalça,
Alma de índio,
Leoa vermelha,
Inês de Castro,
Tieta do agreste,
Bruxa mascarada,
Filhote de cão,
Brahma gelada,
Plebeu...
Coquetel de palhaço,
Palhaço feliz.
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DESATINO
Não pode ser amor
Se isso dói,
E dilacera,
Passeando como ferida
Pelo meu corpo.
Não pode ser amor,
Se me rasura a carne
Num desejo bruto
E à realidade me abate.
Não pode ser amor
Se gera
Esta falta de vontade,
Este desassossego,
Este marasmo sem você.
Não pode ser amor,
Se me desampara,
Se me devora a alma,
Se me transforma em fera
Quando não vejo você.
Não pode ser amor,
Se receio perder.
Não pode sê-lo,
Se é maior que o desespero.
Não pode ser amor
Se não me dá paz...
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Pensamento: O que apavora o ser humano é não conseguir chegar ao fim da linha sem ter uma casa para morar, sem ter na sala um belo jogo de sofá para apoiar o traseiro, sem uma cama de casal com baú e um belo som para ouvir tão alto que todos os vizinhos tenham ódio dele.
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Você...
Vou tirar do caminho,
Vou tirar da lembrança,
Vou tentar esquecer.
Jogue a vida pra frente,
Busque estar no amanhã
Fora do meu caminho.
Se não dá pra enganar
Que o amor acabou,
Vá embora daqui,
Obrigada
Pelo que passou,
Pelas palavras bonitas
Que pudemos dizer.
Se o amor acabou,
É porque pouco dura.
Quando o asfalto da vida
Fica triste e inseguro
Joga fora o sentido
De tentar ser feliz
Nessa despedida,
Que não haja rancor,
Que não haja tristeza,
Que seja tudo normal.
Fecharei esta porta,
Passarei os meus dias,
Não sei até quando,
Refazendo esta dor.
Nos ramos das rosas,
Um quê de segredos
Revela momentos
Passados contigo.
Carícias ocultas,
Desejos despertos,
Sentidos só próprios
Quando o verbo é amar.
Cativa que sou
Das tuas vontades,
Embalo-me em gozo
Num prazer tão grande
Que um dia qualquer,
No meu labirinto,
Me agarro em teu corpo
E,
Serpenteando,
Hei de encontrar o eterno
Em doce morrer.
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DA JANELA
Da janela contemplo,
Enroscado em lembranças,
Revendo alguns rostos,
Outros tantos conhecendo,
Num passar pela vida,
Num passar pela sorte
De cada um.
Vejo amores de outrora, hoje, inimigos;
Crianças de ontem, hoje, descasadas,
Vagando à procura de outros pares.
Vejo que as mesas continuam fartas
Nas mesmas famílias,
O poder concentrado nas mesmas pessoas,
Ou herdeiros delas.
São os mesmos lugares,
Olhares, os mesmos,
Num sonho tão pequeno
Que não existirá jamais.
Qual sombra preguiçosa
Ou um aroma indefinível.
E lembro que fiz, já, parte desse cenário.
Cenário que prometia,
Pois supunha
O palco das certezas,
Tão grande imaginava.
Hoje, meus passos são outros,
Outros os meus pontos de vista.
E comparando ao que já conheci,
Já senti, já toquei, já vivi,
Meus olhos se perdem no silêncio das calçadas,
Porque foi apenas esse silêncio que perdi.
E AGORA?
Agora, Drumond?
Agora eu sei que já posso me olhar,
Já posso dormir,
Posso sonhar.
Quatro paredes,
A porta fechada,
Escondem-me da orquestra,
Do riso imbecil,
Das flores na escada,
Levam-me ao ápice
Da minha companhia,
Me desertam aos tolos,
Aos fracos,
Ilusos,
Estéreis.
E agora?
Ver luz na bebida,
Orgias no tablado,
Na utopia ver cor.
Estou sem mulher,
Mas mulher só me ilude,
Me arrasta,
Me enluta,
Me engana,
Seduz.
Idéias sumiram,
No meio da rua
Foram plantar-se
As sementes da febre.
E agora?
Se eu voltasse,
Se eu corresse,
Se eu gritasse,
Se eu quisesse
Tudo novamente,
Se eu chorasse,
Se eu cansasse,
Se eu morresse...
Mas neste recanto sem barulho,
Sem vozes,
Sem falsas querências,
Sem dor,
Sem folia,
Nem a morte vai vir,
E nem José mais eu sou.
DEIXEI PARTIR
A lembrança mora em mim dos teus sorrisos
Cálida luz de único arrimo para mim
E lembrando a mesma prece que à tardinha
Cantavas, recordo-me triste de ti.
Foste cedo, como passa a vida e o sol,
Esquecendo que eras a alma do meu canto,
Quando a mesma luz a iluminar-me agora,
Espelhava em teus olhos sensações de encantos.
Eras a alma que hoje não tenho, a poesia
Que não encontro, a musa ao meu chorar.
E somente agora recordo que foste
O meu ser, a minha vida, o meu cantar.
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INSTANTES
Onde o desgosto e o desespero jamais penetrarão.
Respirar a essência do vagar manso e profundo
Sem delongas,
Sem mistérios,
Só delícias...
Onde está essa vida, posso tê-la?
Jogar pela janela o passar dos anos,
Sorrir das mazelas tão sentidas,
Deixar-me envolver pelo ritmo das cores,
Como a criança que fui,
E só reviver...
Onde está essa hora, posso tê-la?
Confundir-me com a natureza,
Dela brotando sem raízes
Para caminhar sem voltas.
Tomar nas mãos a água que dá vida,
E ser seu embrião,
Para afogar-me nela
E não morrer...
Onde está esse momento, posso tê-lo?
Pisar na areia e senti-la morna,
Cobrindo-me, qual serpente negra,
Cativa do seu veneno mel.
E, afinal, escrava dos devaneios,
Os olhos cerrados,
Cerrada a mente,
Posso até ter esses instantes
E derreter...
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NECEDADE
Se a gente pudesse escolher
O lar pra nascer,
O pai pra querer,
A mãe pra pedir.
A história desejada...
Ser filho de rei,
Ser gordo,
Galante,
Altivo,
Uma espécie de deus,
Ser o próprio Deus,
E esse ser pudesse
Ter meu nome,
Ser eu...
Eu, sem problemas
De berço empobrecido,
Sem passado,
Sem monotonia,
Sem escuridões,
Sem dentes cariados,
Sem panelas vazias,
Sem sapatos furados,
Sem nenhuma doença
Sem dor de cabeça,
Sem vergonha na cara,
Sem rivais,
Sem leis,
Sem vontades insaciadas.
Se a gente pudesse escolher
O lar pra nascer,
O dia pra morrer,
A história pra fazer
Uma herança pra deixar,
Ah, se...
BLACK JANELA
Sensação de vazio,
Derrocada do espírito,
Janela aberta para o mal.
Mal que paga os pecados,
Fustiga a cabeça,
Sentimentos matando
E nadando no caos.
Caos de paixões,
De fúria,
De ira cega,
Crescendo,
Corroendo
O cordão umbilical
Da vida.
Vida de lutas vãs,
De quimeras guardadas
No profundo da mente,
Na vastidão
Da rede de fracassos.
Fracassos,
Taras,
Sagas,
Rasgando os sonhos bons,
Roendo os bons fluidos,
Destroçando a esperança
De bem- aventurança.
Desamparo.
Desalento.
Podridão.
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A RESPOSTA
De onde a paz para o espírito
Tão conturbado pelas irrealidades
Que tanto afligem o rotineiro da vida?
De onde a força para traçar a meta
Quando se esbarram nela
Terceiras forças fracas e descrentes?
De onde a integridade para continuar
Sendo corpo e alma, ambos,
Sedentos
De justiça,
De igualdade,
De humanidades?
Só pode ser de cima,
Só pode vir do além,
Só pode ter resposta
No nome eterno-Deus,
Que transcende a tudo,
Que perdoa qualquer pecado,
Que sorri-nos, quando abandonados,
Que estende os braços
Quando na sarjeta
Lembramos Dele.
E mesmo sendo Grande,
Prepara a nossa cama
Para quando formos convidados
A morar com ele.
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DONA DE MIM
Rei da guerra travada
Em minha intimidade.
Flor esquecida
No copo amarelo
Da penteadeira
Na fruteira,
Beringelas,
Salgadinhos.
Na TV,
Som sertanejo,
Enjoado,
Enjoado,
Intervalos demais.
Na almofada,
Dorme um gato.
Chuva lá fora
Num fresco delírio.
Será que virá
Aquela que está
Acima do meu cetro?
Caminho até a porta
Na espera desesperada.
Sou dono de nada,
Rei de reino algum,
Dependo dela,
Com certeza,
Todos os dias
Para poder viver.
Dona de mim,
Como demora a chegar!
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CANÇÃO DO BEM FAZER
Eu um dia vou limpar
Teus olhos tristes do outono,
Vou fazer uma canção
Pra despertar o teu sono.
Sono invade,
Mancha a vida,
Peregrina
E só.
Só trazendo desacertos,
Embolando-se nas garras
Dos nefastos
Vendavais,
Tão cansadas,
Aturdidas,
Vãs.
Manda embora dos teus olhos
O que for triste e vazio.
Quero balançar teu ser
Com coisas lindas e vivas.
Vida vale.
Vale a vida,
Assumida
Em paz.
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DIVERSO UNIVERSO
É preciso mudar
As cores das calçadas,
O cheiro dos campos,
Os sons do asfalto,
Os usuários da praça.
Trocar a toalha da mesa,
Fazer renascer a alegre juventude
Jogada num canto da história sem pressa
E sem passado,
Cujo futuro é um conto de fadas
Que a língua materna
Ainda não decifrou.
É preciso mudar
O tom do verde das matas,
Afastar feitiços,
Queimar o capim macerado
Pelos espíritos da noite.
É preciso anestesiar
Os sofrimentos,
Jogar a ignorância
Para bem fora da mente,
Falar sem medo de incomodar,
Sem subterfúgios,
Sem hipocrisias,
Porque se a alma é sadia,
Não há como maculá-la
Com falsas alegorias.
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O TEU VENENO
Então, a erva será pó,
E produzirá perfume,
E enlevará a tua alma.
A alma enlevada é como um fluido
E docemente parecerá
Aliviar o teu carma.
E nesse alívio imediato,
Num vácuo balouçante
E impensável,
O coração se dilata e rompe.
Rompe em primaveras,
Exaltando a vida
Totalmente nova,
Totalmente vazia,
E sem medos.
E esse encontro traz novo sentido,
Novas rotinas,
Um novo espírito
E uma nova matéria,
A matéria absoluta e final.
E o pó da erva frutificado
Rompe-se em belezas
E em visões de luz,
Mas essa luz apenas servirá
Para matar a vida real,
E,
De uma só vez,
Enfraquecer a carne
Que nada mais será
Do que um átomo
Enlouquecido.
E tu?
Tu passarás!
Mais fracas do que as folhas da erva,
As tuas raízes não mais brotarão.
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QUANDO A PAZ ESTÁ FORA DA LEI
Não há mais tempo para a paz,
Mas é justamente isso o que esperam do homem:
Que ele se derreta,
Para poderem sovar a massa
E transformá-la,
Amoldando,
No modelo de homem ideal.
Não há mais tempo para curtir um carinho,
Pois o homem foge do próprio espírito,
Dando vazão ao seu animal interior,
Que, de repente,
Quer retornar às origens.
Não há mais tempo para ter um objetivo
E correr atrás,
Porque o homem afunda-se
Em idéias preconcebidas
Sobre a vida
Que lhe dizem ser
Glória,
Poder,
Ambições,
Riquezas,
Mas que não estão destinados
Para todos os mortais.
Ora,
As estrelas não são iguais,
Os rios não têm as mesmas dimensões,
Nem o céu estampa as mesmas cores,
Então,
O homem pobre,
Mesmo que labute,
Será sempre pobre.
E o rico o será sempre,
Claro,
Desde que não prodigalizando.
Mas não busque o homem
Um lugar que não mereça
Por simples burrice
Ou desmedida ganância,
Porque a paz estará fora da lei.
E quando ela está fora da lei,
Só mesmo os fora da lei podem encontrar a paz.
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NADA
Na aridez dos dias
Contemplo a sorte
Que nem de sorte me suste.
Associo nas trevas
Os olhares que vejo,
As tramas que tramo,
E desiludo-me.
A velhice já chega
E nada ainda fiz.
No inverno da vida,
A morte temida
Já ouve meus ais.
As mãos que tanto afagaram,
Os olhos que desejaram tanto,
Os lábios que tanto mais pediram,
Breve serão esquecidos,
Breve serão convertidos em cinzas,
Não serão mais nada.
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NÓS
Versos brancos
Dizem da alma
Psicálgica.
Musas nuas
Falam de olhos
Contabescidos.
Nuvens frias
Levam dias
Vasquejantes.
De seu,
A esperança traz
Sigalhos.
Nascendo,
Chorando,
Cantando,
Levando,
Trazendo,
Correndo,
Curtindo,
Morrendo,
Todos os verbos que usarmos
Na trajetória do mundo,
São verbos da vida,
E também do adeus
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CAMINHO ESTREITO
Sou
A imagem fracionada
Da auto-suficiência
Num quadrângulo
Que nem a estrela-mor
Encoraja a atravessar.
Sou
O Mal em males transformado,
O Bom desfalecido
Que morre aos poucos
Desguarnecido,
E desflorado.
No fátuo jogo,
Sou
Como um tabuleiro
À espera das próximas partidas.
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‘CANÇÃO PARA ABAITINGA’
(para a viola de Maurício Soares)
Abaitinga,
de matas verdejantes,
de águas balouçantes,
pedaço do Brasil...
Abaitinga,
de gente valorosa,
valente e poderosa,
querendo ser feliz.
Hoje eu desejo
juntar seus pedacinhos,
criar novos caminhos,
sou filho do lugar
e já mereço
colher grandes vitórias,
querer somente glórias
às novas gerações.
O que preciso?
Tal qual um romeirinho,
formar um só caminho
na prece do amanhã.
Abaitinga, a...mor!
.............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................FIM
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