sábado, 1 de dezembro de 2012

POEMA PARA UM SÁBADO SORRIDENTE!


Que bom que o sol brilha, acalentando a vida!
Que bom que as aves gorjeiam, como se fossem donas dos ares!
Que bom que os regatos vão levando suas águas mansamente, como se abrissem o caminho para receber novos líquidos!
Que bom que as flores nascem na floresta, bastando para isso que o vento ou um pássaro levem as sementes, acomodando-as num minúsculo torrão, numa simples fenda de rocha, num musgo, num tronco, num oco!
Já pensou se eles precisassem de nós para existir?

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

"LEILINHA"




Dizem que foi por ali que aquela menina se perdeu.
Quem se lembra?
Mirrada, medrosa, triste, olhos esbugalhados.
Nem parecia uma criança de apenas oito anos de idade.
Portava-se com suprema dificuldade, como se esforçando para carregar o mundo sobre a cabeça.
Os braços eram tão curtos que mal movimentavam-se para o lado, antes, pendiam, como se fossem fardos pesados demais.
Leilinha era o nome dela.
Mas as pessoas já esqueceram do nome dela.
Ficou só como "a menina do mato", "a menina santinha", "a menina que sumiu na mataria".
Anos se passaram e a história da menina foi esquecida.
Um belo dia, apareceu no lugar um grupo de ciganos.
Pediam comida, trocavam peneiras, vendiam colares, liam as mãos...
A mãe da menina Leilinha, agora já mais velhinha, lembrou de perguntar à cigana sobre o paradeiro da sua filha.
E a mulher lhe respondeu:
- Na árvore. Lá naquela árvore.
Com gestos meio apressados, apontava a mais alta das árvores, longe, muito longe dali.
- Lá naquela árvore. A menina está lá.  
Um lenheiro muito bom resolveu fazer um favor para a velhinha e tomou o rumo apontado pela cigana.
Foram mais de vinte dias no meio da mata.
Até que, decidido a voltar, com o corpo completamente ferido pelos espinheiros do caminho, resolveu parar num regato e tomar de sua água.
Foi na água que viu aquele vulto.
Uma criança.
Linda menina.
- Oi, menina. De onde você veio?
Na ausência de resposta, pois a menina principiava a correr mata adentro, o lenheiro foi atrás do seu rastro.
E viu.
Um clarão no meio da floresta.
Uma tapera.
Um homem e uma mulher.
- Meu Deus, você não é a Leilinha?
- Sou, sim. 
- O que aconteceu que você se perdeu?
- Me perdi e fui encontrada por um homem que também se achava perdido na mata. Criamos uma família juntos. Já pensamos em retornar à civilização, mas temos medo. Meu marido é cego e mudo, como é que vamos explicar as coisas, né?
- Eu posso ajudar. Se vocês quiserem, eu ajudo.
Ninguém ouviu falar mais nem da menina e nem do tal lenheiro. 

Luiza Válio.
  

domingo, 19 de agosto de 2012

"O QUE VOCÊ VAI FAZER HOJE À NOITE?"



Depois que o sol se por
que tal a gente se ver 
no banco da praça?
Só para comentar sobre a vida,
sobre as sensações perdidas
que o tempo já levou de nós!?
Lá estarei com meu blusão vermelho
e faço questão que você se envolva
naquela túnica de seda
transparente
que tanto gostava de usar,
talvez por ser provocante demais. 
Só mesmo para relembrarmos 
da juventude esplendorosa
que desapareceu de nós dois
ou foi transferida para outras pessoas.
Depois que o sol se por,
que tal se a gente se abraçar naquela praça?
Que mal há?
Pelo menos não nos tirou o tempo
a capacidade de desejarmos tudo de volta!

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

"BRANCAS NUVENS"



Hoje, 
o dia passou em brancas nuvens.

Não houve recado
nem houve resposta
ao meu chamado interior
por você!
Quem sabe 
quando o sol voltar,
amanhã,
eu possa esperar de novo
e pensar de novo
que o recado virá,
que haverá resposta 
e verei você
chegar como a luz
iluminando meus dias
já gastos e infelizes
de tanto esperar. 

sábado, 11 de agosto de 2012

PENSARES:


- "Desopila o teu espírito antes que ele vá embora e delete a tua vida".

- "Tal como o ribeirão que passa manso e constante, na vida caminhe sempre e serenamente".

- "O sofrimento do ser humano decorre de um único motivo: o coração não ter comando nem perceber imperfeições".

- "Por trás de um grande homem existe sempre uma grande mulher: a mãe dele!".

- "O meio ambiente consegue refazer-se. Quem precisa urgentemente de reciclagem é o ser humano".

- "O prazer também pode arruinar".
- "Olhe-se no espelho, ensaie um sorriso e ilumine o resto do dia com ele".

- "Depressão é só um estado de egoísmo. Saia da casca".

sexta-feira, 13 de julho de 2012

"TEMPERATURA"



E, de repente, 
o outono foi embora 
deixando outra estação mais triste em seu lugar.
Que fazer 
com as noites longas,
com os pesadelos,
os sonhos irreais
que teimam em me castigar?
O sol não volta amanhã,
nem depois de amanhã,
porque os viajantes já partiram
sem deixar rastros 
de alegria ou de risos;
foram em busca de lugares quentes,
porque a vida 
precisa de aconchego
e a temperatura no inverno 
faz mal aos corações.

"ORIGEM DO AMOR"


  

Quem somos nós
para ousarmos compreender
o elo que faz nascer 
a corrente da raça 
ou um ligamento de amor?
O amor é um raio de luz,
é uma fagulha de sol,
é a leveza que sustenta
a pureza do ser,
também é 
a imensidão da vida
jorrando do alto 
para então semear
a semente fraterna no coração dos mortais.

sábado, 7 de julho de 2012

"VAZIO"


Abro meu coração e o encontro vazio.
Não há lembranças dormindo, nem sonhos inteiramente sonhados, nem desejos ou amores ou esperanças acenam para mim.
Fiz do tempo o inimigo furtivo, das horas, as últimas da vida, esqueci de dar ou receber, de amar ou de viver, e fiquei completamente vazia.
Procurei companhias, fiz parte de suas orgias, mas não pude entregar-me.
Fugi dos sentimentos, tornei a existência um deserto iníquo e desprezível, busquei encontros onde não havia nenhuma certeza de encontrar, preparei-me para um mundo onde não havia amor, nem compromisso, nem derrotas, nem leis, nem preconceitos, onde todos eram todos, sem distinção alguma.
Agora, fecho meus olhos para ver se encontro resquícios de saudade, mas não!
Esqueci de armazenar qualquer coisa lá no fundo, por medo de sofrer depois.
Se houveram instantes de alegria, imediatamente foram calados. 
Receio de parecer fraca e tola.
Medo de ser como todas as pessoas.
As mãos, agora, estão vazias.
Vazios os olhos.
Vazio o espírito.
Infinitamente estou vazia de tudo.
Quem sou eu?

terça-feira, 8 de maio de 2012

"MÃE"



Mãe um dia parte,


sem aviso e sem recado.

Mas será que nos esquece?

Será que não fica a observar a nossa vida,

cuidando de nós,

a cada novo dia,

a cada nova empreitada?


Porque parece que a imagem dela

não foge de nossa mente,

muito menos fugimos dela.

E, quando por ventura estamos tristes

porque perdemos uma batalha,

com certeza ela chora

por não poder estar conosco

e nos consolar.

domingo, 29 de abril de 2012

"EU DEIXO DE EXISTIR"



Neste feriado, 
vou deixar você sozinho.
Então, 
aproveite para descansar, 
mas também para pensar em nós,
pelo menos um pouquinho;
para pensar que podemos estar bem juntos,
que podemos caminhar juntos,
que podemos planejar o futuro,
ou talvez não.
Neste feriado,
faça de conta que deixei de existir.
Depois me fale
se sentiu vontade de me ver,
e,
 se a resposta for negativa,
quero que daqui para sempre
todos os dias sejam feriados para você.

"CHOVE"


Esta chuva agasalha-me,
fascina-me.
Como se fora a esperança,
traz com ela 
a calma para minha alma
sempre apreensiva.
Como se fora um manto,
transporta para o tempo
da existência o negro sentido.
Quando ela passa, 
deixa o renascer da vida.
Bendita a chuva que purifica meu ser!

sábado, 21 de abril de 2012

"NATURALMENTE"



                                           Como pode haver tanta beleza
na natureza?
Como foi que aconteceu
de a noite ter luz
e o mar refletir tanta cor?
Como foi que se inventou
o som do silêncio,
trazendo a paz?
Como foi que brotou
da face da terra
a eterna pujança
de uma obra sem fim?
Como foi que o encanto
desenhou com um sopro,
e tão naturalmente,
a coisa mais bela
que é a vida, afinal? 

sexta-feira, 20 de abril de 2012

"EM BUSCA DE SCATY"




É no final desta alameda que encontrarei você. 
Não sei se é negro,
mulato, 
velho ou rapaz, 
só sei o seu nome: 
Scaty.
Se é nome ou apelido, 
se é falso ou verdadeiro,
não sei,
só sei que,
no final desta alameda, 
você disse que vai estar lá.
Estará?? 

"TANTAMBULANTES"


Tantos transeuntes passam,
amolgados;
tantos problemas ambientes
acossados;
excrementos tantos misturados;
tanta língua acorrentada,
gargantas tantas,
secas,
frias;
tantos braços descaídos
na luta pelo pão de todo dia;
tanta ansiedade de voltar para casa
e no aconchego

do abrigo das paredes,

ser, 
finalmente,
o descarrego
do próprio ambulatório 
tão atribulado...

terça-feira, 17 de abril de 2012

"MOMENTO DECISIVO"




Já não sei se ainda quero ou se aguardo uma decisão do destino. 
Pode ser que Olavo nem queira mais voltar a viver comigo.
Machuquei seu orgulho, ironizei sua vaidade, fiz de conta que eu era o deus de sua vida.
Brinquei com seus desejos, fiz dele um boneco sob meu jugo, tranquei as falas, amarguei os momentos que eram para ser os mais doces de nossas vidas.
Não fui mulher, não me fiz sua companheira.
Percebi que Olavo por diversas vezes passava as noites sofrendo; nem assim dialoguei com ele, não me prestei ao jogo do amor, fui má e só lhe causei desespero, mágoa e fraqueza.
Nove horas.
Cadê Olavo?
Claro que não virá!
Parou um carro lá fora. Pode ser que seja agora. Mas onde já se viu tamanho amor desse jeito?
O relógio avançando cada vez mais rápido.
E se ele não vier mais? Pode ser que a caça cansou de sê-lo e agora saiu em busca de outras coisas diferentes, mais duradouras, mais ternas.
É, porque a gente precisa de tranquilidade e de paz para viver nesta vida.
Olavo, Olavo... 
Dez e meia. 
Mas ele não pode fazer isso comigo!
Agora sou eu quem preciso falar com ele.
É primordial que ele venha!
O celular não atende.
A cortina da janela do quarto precisa ser fechada. Ora, nem percebi que chovia...
De repente, um frio, um calafrio.
Tocaram a campainha!
Não pode ser Olavo; ele tem a chave.
Outro toque. 
Será que atendo?
- Oi!
- Oi!
- Quase meia noite!
- Desculpe o horário. Me distraí com meu sobrinho.
- Não faz mal! Sente.
- Não posso demorar muito. Parece que a cidade vai alagar toda com a chuva que está caindo.
Caminho até ele, toco-lhe o braço, mas ele se retrai imediatamente, quase com fúria.
- E aí? 
- Olavo, eu...eu estou grávida!!
- E aí?? Por acaso é meu?
- Dois meses!
- Então é meu?!!
Eu olhava para Olavo; não queria que ele percebesse, mas de repente senti uma vontade louca de mudar toda a minha história. 
Mas ele percebeu tudo, sim; ele tinha uma sensibilidade anormal.
Afinal de contas, ele me conhecia. Eu era mulher de uma palavra só, de uma promessa só.
Eu não quis pensar mais em nada.
De repente, Olavo veio para mim acolhendo-me em seus braços que me pareceram muito mais fortes.
- Meu filho! Agora tenho certeza de que você é minha mulher! 
  

"MARIANINHA"




                                            Eras tão doce, 
Marianinha,
como a rosa que se abria no jardim.
Tinhas nos lábios,
Marianinha,
a purpurina que tingia minha vida de ermitão.
Quando naquela tarde partiste, 
Marianinha,
toda a ventura que eu experimentava,
noite e dia,
parou de existir e meu coração foi embora contigo.
Hoje, passo as noites, 
Marianinha,
esperando que um dia do teu sonhar despertes,
despertes para me buscar.

sábado, 7 de abril de 2012

"O QUE SOU EU?"


Eu posso fazer nascer a luz através de um simples botão.
Posso revirar o mundo pelo avesso e saber de cada detalhe que acontece em cada lugar do planeta.
Eu posso ser o maior e ver lá do alto o que ficou cá embaixo em suas mínimas medidas.
Eu posso semear um grão, mas também transplantar uma árvore. 
Eu posso jogar tudo para o alto e começar uma nova história.
Posso gerar outros diferentes seres humanos.
Posso até imaginar que sou um Deus, que o Deus que me fez já foi embora para um outro diverso Universo.
Sabe o que não posso?
É esquecer que sou menos do que um grão de areia voando pelo espaço sideral sem direção.
 

"MARIA E O MAR"




Na tarde em que Maria partiu, levou consigo as esperanças que acabavam de nascer no peito daquele menino.
Há muito tempo, ele não sabia o valor de uma amizade, de um sorriso, de um reconhecimento.
Desde que Maria chegou naquela vila, o sol brilhava mais forte, o trabalho no corte de cana não pesava tanto e todo o mundo tingia-se de cores deliciosas.
O menino estava feliz como jamais estivera na vida.
- Maria, mas por que você quer morar no meio do mar? É tudo tão escuro dentro da água!
- Não que eu ame o mar, meu querido. Um dia, o mar levou meu primeiro filho, perdi meu esposo para o mar, minha mãe afogou-se nele, porque não sabia nadar...
- E você, Maria, sabe nadar?
- Não.
- Então, eu lhe ensino, tá, Maria? Eu sei nadar.
E então, quantas vezes o menino pegava Maria pelo braço e a levava de volta para a vila onde moravam!
O último domingo chegou com chuva e trovoadas. 
Parecia que a casa do menino desabaria. 
A avó preocupada. 
Mas no pensamento do menino, de repente, só brotava um nome:
- Maria! Vó do céu! Vou ver a Maria. Vou e volto correndo. Depois eu tomo um banho quentinho.
Silêncio na casa de Maria.
Um bilhete na porta quase apagado pela ventania que jogava a chuva para dentro da varanda.
- Meu amigo, não se preocupe comigo. Fui para o mar.
De volta para casa, o menino chorou:
- Vó, tenho um pressentimento que não vou mais ver a Maria. Ela foi para o mar.
- Não há o que fazer, filho! Com essa tempestade! É melhor a gente dormir. Vai ver que ela se escondeu nalguma cabana de pescador, né?
...
O relógio marcava sete horas. O sol voltou a brilhar. Brilhava ainda uma esperança no coraçãozinho do menino.
Foi para o mar.
Nada...
Nada...
Nada... 
Dois dias depois, o corpo de Maria foi localizado entre as pedras. 
O menino viu um sorriso no rosto dela e ficou aliviado.
- Vó, acho que ela encontrou seus entes queridos.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

"SUSPIROS DO GUAPÉ"


Por essa viela estreita
passam sonhos, passam medos,
passa o Mal e passa o Bem.
Tão depressa como a vida
indo embora todo dia,
vem Josés, vão-se as Cidas,
passam Anas e Marias,
velhos, moços, menininhos,
deixam suas marcas pelo chão.
Debaixo da ponte corre
um fio de água tão ralo
que as pessoas mal percebem
- são suspiros do Guapé -
Antes, formoso e potável,
viscoso e até navegável;
hoje, bem fragilizado,
um passeio em seu leito
mal me molha os meus pés.

- ano de 2.008 -


sexta-feira, 30 de março de 2012

"O CASEBRE MARROM"

scraps recados de anjos

A poeira em desalinho
vai de novo destruir o brilho
das plantas e das vinhas,
das cores do caminho sem pedir desculpas.
Espalham-se as folhas secas derrubadas pelo vendaval
que sujou toda a estrada,
até a entrada do casebre marrom.
Escurece.
E, como numa noite fantasmagórica,
o temporal vai arrastando tudo
até deitar ao chão o casebre marrom 
do pobre coitado.
Foram tantos os anos de vida
para ajeitar aquele lugar!
E o vento sopra sem dar tempo de socorrer ninguém.


"SUBLIMAÇÃO"

scraps recados de flores


Depois do fascínio, 
vem o despertar de um sonho
que traz de volta as raízes da realidade.
Então, de novo,  
volto a ser eu mesma,
fria e ausente,
desprendida 
e distante de vãos sentimentos.
A entrega doce 
volta a repousar no passado.
O bater desconexo da vida dentro do peito
retoma o ritmo normal 
e pouco a pouco as pálpebras despertam.
Não há mais sonhos tolos,
nem hipnose e nem languidez.
Não há porque embalar-me em quimeras, 
porque não me entrego de vez.

segunda-feira, 19 de março de 2012

POEMA PARA MEU PAI


                      

"PAI" 


As lágrimas secarão. 

Os dias voltarão a ser rotina 

quebrada apenas pela sua ausência. 

Ausência que fica 

e traga 

todo o espaço percorrido 

de sua vida inteira. 

Seus livros, 

seus escritos, 

sua personalidade única 

permanecerão numa saudade 

ora doce, 

ora dolorida, 

porque voce foi nosso 

apenas quando 

por aqui passou. 



quarta-feira, 14 de março de 2012

EU X EU



DAS COISAS QUE EU GOSTO 

- ARTE 
- LEITURA 
- JUSTIÇA 
- LIBERDADE 
- VERDADE 
- MÚSICA 
- SAUDADE 
- CINEMA 
- CHUVA 

DAS COISAS QUE ME DESGOSTAM 

- HIPOCRISIA 
- INJUSTIÇA 
- DESIGUALDADE 
- GRITARIA 
- FUTEBOL 
- REDE GLOBO DE TELEVISÃO 
- POLITICAGEM 
- PEDINTES QUE VEM DE FORA DA CIDADE 

DAS COISAS QUE ME DÃO PRAZER 

- LUZES E CORES DE SÃO PAULO 
- PÁSSAROS AO AMANHECER 
- FAMÍLIA REUNIDA PARA UM KARAOKÊ 
- CHANCE PARA PRODUZIR E MOSTRAR A CRIAÇÃO 
- PAISAGENS BEM CUIDADAS 
- RELEMBRAR ANTEPASSADOS 
- PASSEAR DE CARRO PELA CASTELO BRANCO 
- BOLO DE ANIVERSÁRIO 



sábado, 25 de fevereiro de 2012

"DOCE"



Quero fazer um poema
que seja
como a rosa
para afagar tua pele
e como o mel
para adoçar tua boca
cada vez que o leres.


segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

O DESCONHECIDO



Estava Lucila diante de um dilema: comparecer ou não ao encontro com aquele desconhecido?
Afinal, estava tão carente que não importava se fosse o homem mais horrível do mundo ou o mais tolo, o mais desonesto.
Pintara o cabelo, ajeitara um coque meio desalinhado, sentia-se tão sexy como nunca havia estado.
O carro não pegava.
Só na terceira ou quarta investida conseguiu pô-lo em marcha.
O encontro seria no teatro principal da cidade. 
Haveria lá uma tocata.
Lucila nem sabia o que era isso.
Tocata?
Deu de ombros, ajeitou os cabelos no espelho do carro, o rubro batom, ensaiou um canto com a dupla que cantava no rádio.
Estava feliz.
Ultrafeliz.
Depois de afirmar que estaria enfiada num vestido esverdeado e trazendo no peito um topázio, lembrou que o desconhecido havia dito que estaria sentado num dos camarotes da entrada principal à esquerda: número onze.
Leu e releu aquele número.
De repente, quedou-se, num mal estar repentino.
Mas que estranho!
Um homem não vir buscar a dama em casa!
Estranho e imprevisível!
- Lucila, Lucila! - suspirou - que é isso? Vai ver que ele nem se liga em mulher, que quer somente alguém para curtir a vida, como tantos que agem pela Internet.
Mas não era isso que ela queria também?
Curtir a vida?
Pois então!
Entrou no teatro, meio disposta a sondar antes de encontrar o homem.
Não deu tempo. 
Um senhor de preto chegou-se a ela e, lhe tocando o braço, disse:
- Dona Lucila, seu lugar está reservado no camarote onze. Venha comigo.
Um, dois,... sete, que ânsia,... oito, nove, coração ofegando, dez, minha nossa!,... onze. 
-É aqui!- exclamou Lucila.
E então foi apresentada ao desconhecido pelo homem de preto.
- O senhor Jerry, meu patrão. Ele é cego.



sábado, 18 de fevereiro de 2012

AVE DE JÚPITER



Enrosco-me na tua teia de cabelos

traçando com a boca as formas do teu corpo.
Nesse gesto sedento e sumamente ambíguo,
nascido do desejo e pleno de sadismo,
desembarcar procuro dentro do teu ser.
Derramo o que curti de todo o tempo ausente,
afogando no êxtase um prazer contínuo.
Num simples movimento, com carícia e astúcia,
amoldo tua vida, domino e anulo
o pouco que de teu
sob meu corpo resiste.
Machuco teus caminhos numa ânsia quente,
corrompo, 
dilacero,
escravizo,
trucido,
até que, saciado, vou rebuscar tudo outra vez,
torno a querer-te de novo
até quando se derrete o fogo animal 
diante do cansaço e de te ver vencida.
Num beijo simples,
vou pedindo perdão pelos meus modos,
pela brutalidade.
Embora louco e desvairado,
neste meu amor por ti só existe verdade.

"DEUSA PEQUENINA"


Se dos teus amplexos, deusa pequenina,
podem brotar flores cheias de ternura,
quanto agradeço esses teus lábios mimosos
que me beijam tanto e tanto mais eu beijo.

Não há nesse afago nenhum espaço 
para outros sentimentos 
além dos teus que me deleitam. 

Se dos teus olhares, deusa pequenina,
podem resultar mil doçuras desconhecidas,
se na paz auriluzente dos teus olhos verdes
possam rir fadas infantis, tenho um pedido:
nos meus braços, faz para ti um abrigo
por toda tua vida, deusa pequenina.


DOÍDO AMOR



Que fazer se esta dor tão profunda
machuca-me a vida,
maltrata meu ser?
Que fazer se não encontro remédio
para a cura do amor
que invadiu minha alma,
e me trouxe você?
Você que se diz meu amigo, 
fiel, camarada, 
e que não posso perder...
Vou é massacrando, 
por ora,
o desejo enlouquecido
de entregar-me num abraço, 
todinha a você.
Mas com certeza, 
um dia, 
com tamanha força e vontade, 
eu farei isso
e me sufocarei...