imagem: "o brasileirinho"
A campainha.
Um sorriso.
Uns olhos azuis do tamanho de uma estrela.
Do irmão mais novo que lhe traz um presente.
Quase um filhotinho de vira-lata.
Era tudo o que ela jamais quisera possuir.
Latem demais.
Defecam em qualquer lugar.
Cachorros dão muito trabalho...
-"Você só tem que educar os animaizinhos" - dissera o irmão.
E completara:
- "Um cãozinho é como um diamante; é para sempre. E este é seu, quero dizer, de mim para você."
Como dizer não?
Gostava tanto do irmão!
Sairia com o bichinho no domingo para tomarem sol.
Aliás, há muito tempo não fazia mais isso.
Talvez por falta de companhia ou de vontade mesmo.
Ora, ora...
Um cão companheiro?
Era só o que faltava!
Domingo de sol.
Gente feliz.
Cães espalhando-se pelas gramas.
Meninos correndo, incitando-os.
Foi então que a sua "Tica" encontrou um amiguinho. Esfregaram-se.
Cheiraram-se.
O outro dono nem percebeu quando ambos passaram correndo a sua frente.
Lendo um jornal, mais parecia uma estátua.
Mas era mesmo uma estátua.
Uma das pernas engessada, nem se habilitou a olhar para ninguém.
Ela teve raiva.
Ela que tanto hibernara, se ligando em alguém?
Nem o conhecia!
Achou que havia se recomposto para a vida!
Reassumira novo compromisso com a vida!
Quem aquele homem pensava que era?
Quem somos nós para perdermos tempo apenas com a gente mesmo?
Diversas vezes, o encontro aconteceu.
Encontro, aliás, dos dois animaizinhos.
Indignada, decidiu enfrentá-lo na próxima vez, inquirir sobre o problema dele, mas ele não mais apareceu.
Só não o esqueceu, porque tinha carisma aquele homem.
Domingos passaram-se.
Um outro domingo chegou.
E outros domingos mais.
Parque.
Sol.
- "Tem fósforos?".
- "Não fumo!".
- "Nem eu! Foi só para chegar, chegando a você...".
- "E aí? Cadê o cachorrinho?".
- "Desapareceu!".
- "Brinca com o meu..".
E ele saiu a correr com o cãozinho branquinho, ao lado da Tica.
E a mulher só pensava.
Como pode a felicidade morar em coisas tão simples da vida?
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