Herói
não é aquele que vacila antes de vencer
e das cinzas ressurge,
luminescente.
Herói
é aquele que acalenta as dores,
cospe as feridas,
lambe o chão,
desnuda-se,
curva-se ante os fortes
e se desmancha em lágrimas
para dar vida aos seus.
Herói
é aquele que na desdita
ainda acredita num Deus
nem que seja apenas para sua libertação.
Herói
é aquele que paga aos governantes,
alimenta seus próprios opressores,
sustenta a opulência dos irmãos afortunados
e ainda come os excrementos
de uma sociedade rançosa e omissa.
E,
correndo atrás do pão,
ou atrás do nada,
indefinidamente,
ainda lhe cabe a sorte
de pagar com a morte
como se a Deus devesse o fato de inexistir,
saindo, enfim, da história do mundo
para tornar-se pó,
porque é mortal.
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