DUENDES

Dizem que no Natal os duendes ficam soltos e os anjos lhes aplicam castigos mais brandos.

Não é que é isso mesmo?

Os duendes da Fortuna resolveram pregar uma peça num menino bem comportado e bondoso no último Natal.

Fizeram o que?

Voaram até a sua escola, entraram na mochila dele, rasgaram tudo o que havia dentro, quebraram os lápis de cor, cortaram toda a borracha gordona e entortaram o apontador.

Mas que maldade!

Ao abrir a mochila para fazer a tarefa de casa, o menino viu aquilo e começou a chorar desesperadamente.

Veio a avó, veio a tia, veio a priminha, a mãe:

- Você brigou na escola? 

- Por que você rasgou os cadernos?

- Ah, vó, ele não gosta mesmo de estudar!

A priminha saiu dando de ombros.

A tia foi para fora, no quintal, porque não gostava de ver o sobrinho apanhar.

A mãe já estava no quarto pegando a varinha de marmelo e ia lhe dar uma surra, quando, de repente, surgindo do nada, como que por encanto, de mansinho, um caminhão, um monstro de caminhão, entrou na casa, destruindo tudo.

Aos gritos, os moradores correram para fora.

Os vizinhos não acreditavam que todos saíram vivos.

- Milagre! exclamavam.

A polícia foi chamada.

O caminhão ali. O motorista abobado, meio atordoado.

- Eu tive um problema na direção! - disse ele - É que o caminhão é novo. Pelo amor de Deus, vocês serão ressarcidos por todos os prejuízos. Sinto muito...

No seu canto, os duendes riram com a brincadeira.

Ainda bem que o caminhão era da Coca-Cola!

Mas nem por isso os duendes seriam perdoados pelos anjos.