sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

A MORTE DO PASSARINHO



Um carro vermelho parado.
Uma ambulância parada.
Bombeiros correndo.
Havia gente lá dentro do carro vermelho.
Correndo perigo!
Parecia que o carro iria incendiar.
Mas o povo só tinha olhos para uns...
Passarinhos?!
Que estranho!
Por que tamanho alarido?
Cheguei de mansinho.
Não tinha lá esse costume.
Sempre passo longe de acidentes.
De um lado, a fêmea, estraçalhada, agonizando.
Do outro lado, o passarinho macho com a asa quebrada tentava um voo.
Desespero!
- Que foi que houve por aqui? – eu quis saber.
- Pois é... Se não fossem os passarinhos, a menina que atravessava a rua no momento em que os bandidos do carro vermelho passavam por ali fugindo da polícia... Se não fossem os passarinhos, ela, com certeza, neste momento estaria morta ou gravemente ferida.
- Não entendi!- retruquei.
- Foi assim mesmo. Os bandidos se assustaram quando o casal de passarinhos surgiu na frente do carro deles. O rapaz ao volante se atrapalhou todo. Nisso, o volante acabou travando-se e o veículo capotou, indo parar no outro lado da pista. Mas os marmanjos escaparam!
- E a menina?
- Graças a Deus, só machucou o joelho.
De repente, um murmurinho:
- Ai, ai, gente, a fêmea já morreu. Acho que o passarinho macho não vai aguentar também. Foi uma batida muito forte.
- Coitadinhos - exclamou a mulher de amarelo, agachando-se e tomando o passarinho nas mãos. Sou veterinária; vou levá-lo comigo.
Olhei para ela, estendi-lhe a mão e, não sei por que, agradeci por aquele gesto dela.
Se não fosse ela, quem salvaria o passarinho?
Eu?
Como criar um passarinho vivendo no condomínio em que moro?
Desde então, assumi a missão de enviar para algum deputado um projeto de lei que obrigue construir-se em todo condomínio um jardim para que os passarinhos possam se proteger do frio, do estio, enfim, dos perigos do tempo.
Para que eles possam ali permanecer, principalmente os mais velhinhos.


Nenhum comentário:

Postar um comentário