terça-feira, 17 de abril de 2012

"MOMENTO DECISIVO"




Já não sei se ainda quero ou se aguardo uma decisão do destino. 
Pode ser que Olavo nem queira mais voltar a viver comigo.
Machuquei seu orgulho, ironizei sua vaidade, fiz de conta que eu era o deus de sua vida.
Brinquei com seus desejos, fiz dele um boneco sob meu jugo, tranquei as falas, amarguei os momentos que eram para ser os mais doces de nossas vidas.
Não fui mulher, não me fiz sua companheira.
Percebi que Olavo por diversas vezes passava as noites sofrendo; nem assim dialoguei com ele, não me prestei ao jogo do amor, fui má e só lhe causei desespero, mágoa e fraqueza.
Nove horas.
Cadê Olavo?
Claro que não virá!
Parou um carro lá fora. Pode ser que seja agora. Mas onde já se viu tamanho amor desse jeito?
O relógio avançando cada vez mais rápido.
E se ele não vier mais? Pode ser que a caça cansou de sê-lo e agora saiu em busca de outras coisas diferentes, mais duradouras, mais ternas.
É, porque a gente precisa de tranquilidade e de paz para viver nesta vida.
Olavo, Olavo... 
Dez e meia. 
Mas ele não pode fazer isso comigo!
Agora sou eu quem preciso falar com ele.
É primordial que ele venha!
O celular não atende.
A cortina da janela do quarto precisa ser fechada. Ora, nem percebi que chovia...
De repente, um frio, um calafrio.
Tocaram a campainha!
Não pode ser Olavo; ele tem a chave.
Outro toque. 
Será que atendo?
- Oi!
- Oi!
- Quase meia noite!
- Desculpe o horário. Me distraí com meu sobrinho.
- Não faz mal! Sente.
- Não posso demorar muito. Parece que a cidade vai alagar toda com a chuva que está caindo.
Caminho até ele, toco-lhe o braço, mas ele se retrai imediatamente, quase com fúria.
- E aí? 
- Olavo, eu...eu estou grávida!!
- E aí?? Por acaso é meu?
- Dois meses!
- Então é meu?!!
Eu olhava para Olavo; não queria que ele percebesse, mas de repente senti uma vontade louca de mudar toda a minha história. 
Mas ele percebeu tudo, sim; ele tinha uma sensibilidade anormal.
Afinal de contas, ele me conhecia. Eu era mulher de uma palavra só, de uma promessa só.
Eu não quis pensar mais em nada.
De repente, Olavo veio para mim acolhendo-me em seus braços que me pareceram muito mais fortes.
- Meu filho! Agora tenho certeza de que você é minha mulher! 
  

Nenhum comentário:

Postar um comentário