sábado, 7 de julho de 2012

"VAZIO"


Abro meu coração e o encontro vazio.
Não há lembranças dormindo, nem sonhos inteiramente sonhados, nem desejos ou amores ou esperanças acenam para mim.
Fiz do tempo o inimigo furtivo, das horas, as últimas da vida, esqueci de dar ou receber, de amar ou de viver, e fiquei completamente vazia.
Procurei companhias, fiz parte de suas orgias, mas não pude entregar-me.
Fugi dos sentimentos, tornei a existência um deserto iníquo e desprezível, busquei encontros onde não havia nenhuma certeza de encontrar, preparei-me para um mundo onde não havia amor, nem compromisso, nem derrotas, nem leis, nem preconceitos, onde todos eram todos, sem distinção alguma.
Agora, fecho meus olhos para ver se encontro resquícios de saudade, mas não!
Esqueci de armazenar qualquer coisa lá no fundo, por medo de sofrer depois.
Se houveram instantes de alegria, imediatamente foram calados. 
Receio de parecer fraca e tola.
Medo de ser como todas as pessoas.
As mãos, agora, estão vazias.
Vazios os olhos.
Vazio o espírito.
Infinitamente estou vazia de tudo.
Quem sou eu?

Nenhum comentário:

Postar um comentário